terça-feira, 11 de junho de 2013

TOFFOLI: JULGAMENTO DO MENSALÃO PODE DEMORAR MAIS 2 ANOS PARA SER CONCLUÍDO




Em entrevista à 'Folha de S. Paulo', ministro disse que julgamento de recursos
pode durar até 2015, ano em que acaba o mandato de deputados mensaleiros

Ex-advogado do PT e ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Dias Toffoli afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo que, pelos seus cálculos, o julgamento do mensalão deve demorar entre um ou dois anos para ser concluído. Na ação, 25 réus foram condenados, entre eles Dirceu, apontado como cabeça do esquema de compra de votos de parlamentares. Também foram considerados culpados os deputados federais petistas José Genoino e João Paulo Cunha, que poderão cumprir seus mandatos, caso a previsão de Toffoli esteja certa. Outros dois parlamentares seguem na Câmara dos Deputados, mesmo condenados: Valdemar Costa Neto (PR) e Pedro Henry (PP).

Neste segundo semestre, a Corte deve iniciar o julgamento dos recursos chamados embargos de declaração – que contestam possíveis inconsistências na sentença. Em seguida serão julgados os embargos infringentes, caso a Corte decida aceitar esse tipo de recurso. O presidente do STF, Joaquim Barbosa, já adiantou que sua posição é de que os réus do mensalão não têm direito a novo julgamento nos casos em que houve quatro votos pela absolvição. Toffoli afirmou que ainda não decidiu como votará no caso dos embargos infringentes: “Estou com isso aberto”.

REINALDO AZEVEDO: O TEMPO E O MENSALÃO

Apesar da sua previsão, Toffoli colocou nas costas de Barbosa a celeridade do processo. “Essa é a minha análise, mas é difícil dizer. Tudo depende do relator, que é o senhor do tempo do processo.”

MANDATOS – Durante o tempo que estiverem em julgamento os recursos, Toffoli defende que os réus estejam em liberdade e exercendo seus mandatos. “O objetivo da ação penal não é apear ninguém do mandato que exerce. O objetivo dela é trazer aquele que cometeu o ilícito à devida sanção. E, no caso, as sanções estão bem aplicadas.”

Toffoli negou ter recebido pressão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o indicou ao Supremo em 2009, no caso do mensalão. Elogiou o petista, dizendo que ele “ouvia mais”, e afirmou que a presidente Dilma Rousseff é centralizadora e “tem mais certezas do que dúvidas”, em contraste com o estilo de seu antecessor.

Sobre se sentir impedido de julgar a ação dos réus do mensalão, Toffoli disse que fez uma “análise solitária” que o levou a concluir que poderia participar do julgamento. Repetindo o argumento que usou para absolver seu ex-chefe, o ministro afirmou que “não há provas contra Dirceu”.

A relação do ministro do STF com o ex-chefe da Casa Civil é histórica e notória. Ex-advogado da liderança do PT na Câmara dos Deputados, Toffoli foi defensor do próprio José Dirceu – tinha uma procuração para agir em nome do dirigente petista em uma ação popular contra a privatização do Banespa – e assessor jurídico da Casa Civil quando Dirceu ainda era considerado o homem forte do governo Lula. Também no governo petista, ocupou o cargo de advogado-geral da União (AGU). Era o responsável pela defesa dos interesses da União em 2007, ano em que o Supremo aceitou a denúncia do mensalão.

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