terça-feira, 13 de setembro de 2011

RIBEIRA VELHA BOÊMIA



Ribeira do cais do porto
Do Arpeje e Quinze de Novembro
Da Peixada na Tavares de Lira
Do Beco da Quarentena como lembro
Da Boate Rosa de Ouro
Do Cabaré de Miriam, o 25 de Dezembro

Lembranças brotam em minha mente
Da Rua Chile do poeta Ferreira Itajubá
Lembranças também da Praticagem
Quiquico, Mário e o amigo Zé de Cará
Lembro do Barraco de João Boneco
Da meiota com guizado que bebia com Babá

Graça do Bar das Bandeiras
Jairo, Carlito e Sebastião
Práticos de grande competência
Em entrada e saída, como também em atracação
Recordo de todos e de tudo
Que faz parte da Ribeira este amado torrão

Do Curso de Moço de Convés
Que fiz na Capitania
De Piíno e Sargento Pereira
Passando-nos sabedoria
E a turma toda no Bar do Toinho
Bebendo e conversando putaria

Centro Náutico Potengí
Onde aprendi a remar
Finado Rubens, Bosco e Abel
Que vivia os remos a quebrar
Foi lá onde conheci o esporte
E adqueri massa muscular

Ribeira velha boêmia
De Pedro Araújo e Chica Bandeira
Casal amigo e companheiro
Recordo-me de nossas brincadeiras
Caicoense de bom coração
Tornou-se a mãe da Casa da Ribeira

Gente boa e humilde
É o meu cumpade João Maria
Em seu bar tomei muitas cervejas
Com Zé Augusto e Maria eu bebia
Foram dias e noites de farras
De muitas ressacas e alegria

Hoje Ribeira velha e boêmia
Seu coração pulsa como um tambor
São os músicos, atores e poetas
Que te ressuscita com amor
Com os shows da Rua Chile
Que te sacode e lhe tira do torpor


Oh! Ribeira velha e satânica
A Casa da Ribeira lhe devolveu a visão
Com os Clowns de Shakespeare
Que com fúria e muita inspiração
Injetou cultura em suas veias
Acreditando em sua revitalização


Ribeira velha e ardente
Que em seus becos me viu crescer
Ribeira tortuosa como Ophélia
Que por amor eu vi morrer
Ribeira puta, mãe e amiga
Abriga o Potengí no entardecer


É sentado no píer do cais do porto
Alegremente triste vendo o sol morrer
A mancha de sangue do ocaso
Vejo nas águas do rio desaparecer
Em minha mente de velho menino
Meu amor pela Ribeira irá permanecer


(*) Poesia extraída do livro:
Guamaré, Retalhos Poéticos
Autor: Gonzaga Filho

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