Revista publicada se baseou em inverdades
A
Revista Veja, da editora Abril, se viu obrigada a admitir ser fantasiosa a
reportagem publicada na edição do dia 18 de fevereiro, na Veja Brasília, em que
acusava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter doado R$ 220 mil para
a realização da festa de um sobrinho em Brasília. O repórter Ulisses Capbell,
que assinou a reportagem, dias após ver o fato negado por Lula invadiu o
condomínio de parentes do ex-presidente ameaçando divulgar outras inverdades
caso não confirmassem o que havia sido publicado no dia 18.
Jornalista não teve um papel digno da profissão
Diz
a nota publicada pela revista: "É errada a nota 'Celebração estrelada',
publicada na edição do dia 18 de fevereiro (pág. 16), por VEJA BRASÍLIA, dando
conta dos preparativos de uma festa que homenagearia um sobrinho do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no bufê Aeropark, no Distrito
Federal", admite a revista da editora Abril.
Nas eleições, Veja também mentiu. E não era mais surpresa
"Pelo
equívoco, VEJA BRASÍLIA se desculpa com seus leitores e, mesmo que a nota não
contivesse conotação negativa, se desculpa também com o ex-presidente e sua
família por quaisquer transtornos que possa ter ocasionado", escreveu
Veja.
Um
dia antes do segundo turno das eleições presidenciais, a mesma revista publicou
uma reportagem de capa acusando Dilma e Lula de estarem por trás do esquema da
operação Lava-Jato. O objetivo era desgastar a imagem da presidenta para
favorecer o candidato tucano, Aécio Neves. A Veja foi obrigada a publicar o
direito de resposta no mesmo dia das eleições.
Veja: a imagem da vergonha
Não
é de hoje que a Veja tem envergonhado os bons jornalistas. Há dois anos, quando
surgiu o escândalo envolvendo Carlinhos Cachoeira, o diretor de redação da
revista em Brasília, Policarpo Júnior, aparecia em gravações negociando imagens
e áudios com o grupo do bicheiro que serviriam para chantagear políticos e
demitir autoridades de cargos chaves do governo. As notícias viraram capas da
revista.
Com
um grupo de colunistas no melhor modelo pittbull, do tipo difama primeiro e
apura depois, a Veja perdeu público, leitores, credibilidade, mas manteve o pé
no acelerador. Diogo Mainardi, então a referência mais dantesca deste modelo de
execração travestido de jornalismo, acabou afastado.
Na
época, ante a proposta de chamar o dono do Grupo Abril para depor na CPI do
Cachoeira, o diretor do grupo, Fábio Barbosa, pediu para que Civita fosse
poupado. Ele estava com câncer e morreria pouco tempo depois.
Nas
eleições, a maneira torpe de fazer jornalismo seguiu e veio a desaguar agora
nas mãos do jovem jornalista Ulisses Campbell que, pela maneira de agir, padece
da mesma irresponsabilidade profissional de seus superiores.