Os 2.500 bancários do Rio Grande do Norte realizam assembleia, a partir das 19 horas de hoje, no Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte-RN), apenas para ratificar a deflagração de greve, que foi marcada na semana passada para começar amanhã. A coordenadora geral do Sindicato dos Bancários, Marta Turra, disse que a reunião servirá para a montagem das últimas estratégias da paralisação das atividades e dos serviços bancários, em decorrência dos bancos privados e públicos não terem feito acordo quanto à data-base da categoria, que é em setembro.
Marta Turra disse que a pauta do acordo coletivo de trabalho foi entregue à Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em 10 de agosto. “No ano passado só conseguimos negociar e fechar um acordo com a greve”, disse ela, a respeito de ter sido esta a saída encontrada pelos bancários, todos os anos, numa tentativa de conseguir reposição salarial. “Nós temos uma defasagem de 100% em relação ao Plano Real, mas só conseguimos sempre percentuais inferiores às nossas necessidades”.
Turra explica que este ano, os bancários pedem um reajuste salarial de 24% e a negociação das perdas acumuladas em parcelas, bem como a realização de concurso público, “porque existe uma carência muito grande de pessoal”, em virtude do aumento dos serviços financeiros. Segundo ela, somente o Banco do Brasil precisa contratar 10 mil funcionários, enquanto a necessidade da Caixa Econômica é de 17 mil. “Há 15 anos existiam um milhão de bancários no Brasil, atualmente são 480 mil”.
Para ela, a redução do número de bancários, “que caiu para menos da metade”, reflete-se “na demora do atendimento aos clientes”, pois apesar do emprego da tecnologia “as filas são enormes nos bancos”.
Além disso, a dirigente sindical denuncia que os bancários extrapolam a jornada de trabalho de seis horas, para poder dar conta dos serviços, além do achatamento salarial. O bancário em início de carreira chegou a ganhar nove salários mínimos de piso salarial e hoje o bancário do setor privado tem uma remuneração inferior a R$ 1.000,00 e o do setor público fica em torno de R$ 1.250,00.
A respeito do fato de a greve estar sendo deflagrada às vésperas de se iniciar, por exemplo, o pagamento dos salários dos servidores públicos estaduais e dos vencimentos dos pensionistas e aposentados da Previdência Social, Marta Turra diz “que toda greve causa tumulto”, mas os responsáveis, segundo ela, são os banqueiros e o governo, “que não deram ouvidos aos bancários, sabendo que em setembro é a data-base da categoria”.
“Infelizmente a população é que é prejudicada o ano inteiro, quando os bancos não botam caixas e mais gente para trabalhar, e se a categoria não consegue negociar não resta outra saída”, continuou a sindicalista.
Por fim, ela disse que apesar da greve causar transtornos à clientela bancária, a orientação dada pelo Sindicato dos Bancários à população é que procurem os canais alternativos, como os caixas eletrônicos, onde podem ser feitos os pagamentos, saques e transferências de dinheiro.
Mesmo com a greve, ela diz que funcionam os serviços de compensação de cheques e os clientes também podem ter acesso aos serviços através da internet, casas lotéricas e correspondentes bancários. “Parte do serviço vai funcionar com 30% do pessoal, só não teremos caixas e as portas dos bancos vão estar fechadas”, acrescentou ela.
Com relação à carteira de habitação da Caixa, Turra explicou que realmente “ela não vai funcionar, “porque precisa de gente para gerar contratos”, que não são feitos através de caixas eletrônicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário