A
publicitária Bárbara Lopes* apresentou os primeiros sinais de depressão aos 19
anos. Na época, começou a se isolar, faltava às aulas na faculdade e dormia
durante grande parte do tempo. “Tinha dia em que eu não queria sequer tomar
banho. Minhas amigas me chamavam para sair, mas eu não queria. Eu dizia que
estava triste, mas para mim não era depressão. Era só tristeza”, lembra.
Especialista ouvida pela Agência Brasil diz que é uma doença que pode começar
em pessoas jovens e nem sempre recebe tratamento médico.
Mais de 15
anos depois e uma lista extensa de psiquiatras e psicólogos visitados, a
publicitária atualmente é casada, tem um bebê e atua na área em que se formou,
mas ainda luta contra a doença. “As pessoas ficam sempre perguntando o que a
gente tem. Aqueles que se julgam normais perguntam por que eu estou triste se
tenho tudo que preciso, se tudo está certo, se sou bonita e inteligente”.
Bárbara toma
o mesmo medicamento há sete anos. Mesmo sendo acompanhada por profissionais, a
depressão precisa ser combatida diariamente. “Outro dia, deixei meu bebê cair
da cama. Além de me sentir culpada, comecei a pensar que nada para mim
funcionava, que tudo para mim dava errado, que eu era a pior mãe do mundo”.
Para a
publicitária, a combinação entre medicamento e terapia traz qualidade de vida
para quem sofre com a doença. “O remédio libera aquilo que está faltando no seu
organismo. É como se fosse uma orquestra que precisa do maestro. Quando ele
está ali, a música sai direito. Quando não tem o maestro, não tem música”,
resume.
Dados da
Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) esta semana, indicam que mais de 11 milhões de brasileiros
têm depressão. O número corresponde a 7,6% das pessoas com 18 anos ou mais.
Ainda segundo o instituto, desse total, apenas 46,6% dos pacientes tiveram
assistência médica nos 12 meses anteriores à pesquisa.
De acordo com
a psiquiatra e psicoterapeuta Fatima Vasconcelos, o Brasil é um dos países
latino-americanos com índices mais altos quando o assunto é depressão. Apesar
de ser tida por muitos como uma doença que atinge os mais velhos, a depressão,
segundo ela, começa cedo – 9% dos casos ocorrem entre 18 e 25 anos; 7,5% entre
26 e 49 anos; e 5,5% acima dos 50 anos.
“Quanto mais
precoce é a doença, mais grave pode vir a ser no futuro e mais danos ela vai
provocar na vida do indivíduo. A depressão é uma doença crônica e o mais comum
não é ter só uma única crise na vida. O risco de ter uma segunda crise é 50%
maior após a primeira. E, para quem tem dois episódios, a chance é 70% maior.”
Ainda de
acordo com a especialista, a estimativa é a de que seis em cada dez pacientes não
procuram ou não encontram tratamento para a doença – sobretudo em razão do
preconceito. Ela destaca que uma pessoa com depressão sofre com alterações do
humor e, por mais que queria estar bem, vê o mundo de forma negativa e precisa
de ajuda para enfrentar isso.
“Uma pessoa
que está deprimida, às vezes, nem percebe que está triste. Mas, quando vai para
o trabalho, rende menos do que rendia. Tem dificuldade de memória, concentração
e sente uma insegurança muito grande. Ela passa a desconfiar de sua própria
capacidade. Por isso, é muito importante que as pessoas saibam que a depressão
é uma doença do cérebro que tem que ser reconhecida e tratada.”
(***) FONTE: MSN Notícias
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