Praça da Conceição nos Anos 50 |
Sem me importar com a rima
Ou se escrevo bem ou mau
Sou como o canário que trina
Cantando a cidade de Macau
Recordando a salina
Onde quem brilha é o sal
Lembranças do Valadão
Das tardes no Porto do Roçado
Recordo do Tio João
Que tinha um falar engraçado
Quando menino imitava um cão
E como tal o meu destino foi traçado
É Macau a terra do meu pai
Terra de nascimento e morte
Não sei escrever Hai Cai
Nem tento saber da sorte
E toda saudade se esvai
Esperando que de volta eu aporte
Dr. Luiz Evangelista, meu padrinho
Madrinha Socorro é a sua mulher
Só os vi quando era pequenininho
Quando ainda comia de colher
E quando precisava de carinho
A vida apresentou-os como um escaler
Dona Alice, Mãe de José de Oliveira
Eu recordo de sua bondade
Quando minha mãe sem eira nem beira
Chegou sem conhecer a cidade
Em sua casa foi hospitaleira
E a minha mãe ela deu a felicidade
Na Praça da Conceição
Nos domingos a retreta assistia
A banda me passava emoção
E alegria era tudo que sentia
A inundar o meu coração
E um bis entusiasmado eu pedia
Cinema São Luiz que saudade
Dos primeiros filmes que assisti
Cinema Dois Irmãos que felicidade
Fiquei deslumbrado quando eu vi
Nas matinês dos sábados à tarde
Zorro e Tarzan os heróis que escolhi
Hoje recordo quanto tempo passou
E a saudade é avassaladora
E envio daqui mesmo de onde estou
Minha mensagem de amor duradoura
Que ao deixar Macau pecou
Essa alma triste e sonhadora
(*) Poesia extraída do livro:
Guamaré, Retalhos Poéticos
Autor: Gonzaga Filho
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