Por Carlos Chagas
Pode ser por ironia, mas a cascata de corrupção que inunda o governo começou com o PT e agora atinge novamente o partido dos companheiros, depois de haver escorrido sobre o PR, o PMDB, o PC do B e o PDT. De Antônio Palocci a Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro Novais, Orlando Silva e Carlos Lupi, todos ministros demitidos sob a acusação de malfeitos, a bola da vez agora é Fernando Pimentel. Como o ex-chefe da Casa Civil, o atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior enfrenta denúncias de haver recebido milhões pela prestação de consultorias a empresas com as quais trabalhou e até privilegiou quando prefeito de Belo Horizonte.
Fica claro que ninguém escapa da perfídia desse modelo que divide o governo em feudos partidários, nos quais seus condutores fazem de tudo para irrigar as respectivas legendas com recursos públicos e privados obtidos de forma irregular. É bem verdade que até agora não foram atingidos o PTB, o PP e o PSB, mas, pelo jeito, foi apenas porque ainda não afloraram evidências já detectadas nos outros. Ou por falta de oportunidade.
Tanto faz se Fernando Pimentel escapará ou não da suspeita de haver tornado privado o que deveria ser público, mas a verdade é que a experiência esgotou-se. Não dá mais para Dilma Rousseff continuar dividindo sua administração em condomínios privados, como fez o ex-presidente Lula. A desfaçatez dos partidos da base aliada aumentou com a atual presidente, menos por ser mulher, mais por caracterizar-se como produto sem liderança própria até sua eleição.
É agora a oportunidade dela se afirmar e demonstrar-se capaz de um vôo solo e com rota definida. Para isso será necessário acabar com a ditadura dos partidos. Mesmo continuando a fazer parte do governo, eles precisam ter interrompida a lambança a que tem se dedicado, sem limitações. O primeiro passo seria encontrar nos quadros partidários ou fora deles ministros de reputação ilibada e competência óbvia. Fala-se muito da reforma do ministério, prevista para janeiro. Sem a depuração e o enquadramento dos partidos, nada feito…
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