Destruição depois de uma série de tremores na cidade de João Câmara (RN)
em 1986. Dias antes, no dia 30 de novembro, ocorreu o mais forte deles
Embora não sejam comuns no Brasil, os terremotos não são impossíveis de acontecer por aqui. Além disto, estudos geológicos mostram que há maior probabilidade de que os abalos ocorram em áreas mais populosas e com maior potencial de danos, como a região Sudeste e o Ceará. Essa é a tese defendida pelo sismógrafo José Alberto Vivas Veloso no livro “O terremoto que mexeu com o Brasil” (Thesaurus, 344 páginas) sobre o tremor de 1986 na cidade de João Câmara (RN), que teve magnitude de cinco pontos na escala Richter. No livro, Vivas descreve um cenário muito diferente do famoso clichê de um país livre de desastres.
“Não se pode comparar o perigo sismológico no País com as chuvas que ocorrem todos os anos, provocando desastres terríveis. Mesmo assim, o Brasil lida com os dois problemas de forma muito precária”, disse Veloso ao iG. Para o autor, os dois problemas devem ser tratados com atenção. “O Brasil nunca teve uma prevenção de desastres, pois achamos que é um País abençoado”, disse.
Veloso destaca que há inclusive uma preocupação de terremotos no mar atingirem as plataformas de petróleo. “Existe o cuidado de monitorar o mar”, disse. Bóias de monitoramento estão sendo colocadas para detectar movimentos sísmicos.
De acordo com o professor aposentado da UnB, o livro é um tentativa de mostrar o que podemos aprender com o passado. Ele explica que o descaso com terremotos está no fato de o País não estar em uma área de encontro de placas, onde ocorrem 95% dos terremotos no mundo. “Porém temos os outros 5% para acontecer no meio das placas. É ingenuidade achar que o Brasil não tem terremoto”, disse. Vale lembrar que cerca de meio milhão de tremores são registrados por ano em todo o mundo.
Os dois maiores terremotos do Brasil registraram 6,1 e 6,2 pontos. Ocorreram no meio do século passado em áreas desabitadas – o primeiro no mar, na costa do Espírito Santo e o segundo no interior do Mato Grosso. Nenhum dano aconteceu, mas poderia, caso o terremoto tivesse ocorrido em uma área mais habitada.
Para se ter uma ideia, o maior terremoto do País, de 6,2 pontos de magnitude equivalente ao tremor em Christchurch, na Nova Zelândia, do ano passado, que matou mais de 50 pessoas e danificou 100 mil prédios.
Segundo o pesquisador, a falta de preparo é um grande perigo, pois ela faz com que terremotos não tão fortes gerem muitos dados. "Foi o caso do terremoto de João Câmara, de 5 pontos, que gerou muitos problemas".
O tremor em João Câmara foi 40 vezes menos potente que os de Christchurch e do Mato Grosso, mas teve prejuízos imensos. De acordo com pesquisa de Veloso, 4.348 edificações tiveram de ser reconstruídas, 26.200 pessoas ficaram desabrigadas. As casas com fundações pouco reforçadas e com telhados pesados foram rapidamente destruídas pelos movimentos da Terra.
O terremoto de João Câmara teve uma particularidade. Não foi apenas um tremor, mas uma duradoura sequência sem paralelos na história do País. “Por ter ocorrido próximo da cidade, replicou por vários anos, gerou um estrago muito grande”, disse ao iG Veloso. O solo da região tremeu por cerca de sete anos, em mais de 50 mil eventos.
O terremoto de João Câmara teve uma particularidade. Não foi apenas um tremor, mas uma duradoura sequência sem paralelos na história do País. “Por ter ocorrido próximo da cidade, replicou por vários anos, gerou um estrago muito grande”, disse ao iG Veloso. O solo da região tremeu por cerca de sete anos, em mais de 50 mil eventos.
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