Por: Claudio Guerra
Macau, Guamaré, Pendências e toda aquela região das salinas é uma terra abençoada. “Seja sua terra continuamente abençoada… com a água de profundeza jazendo embaixo…”[Deuteronômio 33;13]. Isso mesmo, o petróleo. É o petróleo que vem proporcionando, há vários anos, as grandes festas carnavalescas nessas cidades carentes de saúde, educação e habitação, mas onde as prefeituras gastam quantias acima de R$5 milhões nos dias de folia e pagam R$200 mil para uma banda tocar 3, 4 horas. É isso, o que poderia ser solução é problema.
O petróleo gera muito dinheiro e onde tem muito dinheiro, Astarote, o tesoureiro do inferno está por perto instigando o cristão a cometer pecados, sempre “capitais”. A impressão é que Belial, traquina como sempre e vizinho dessas águas profundas, subiu com elas acompanhado de sua troupe de fingidos composta por Belzebu, Moloque, Camos, Baalim, Astarote, Tamuz, Dagom, Rimom e outros levando os nossos políticos a tripudiar sobre aqueles cidadãos que vivem com as suas panelas quase sempre emborcadas.
É Satanás o culpado pelos males da região petrolífera, uma vez que todos, prefeitos e vereadores são cristãos, se elegeram louvando o nome do Senhor e jurando não cometer pecados ou prejudicar o povo.
Mas fiquemos nos recursos dos royalties da “água de profundeza”. O futuro da região é incerto.
Sendo os royalties compensação financeira passageira e sujeito a grandes variações, deveria ser destinado para investimentos, de maneira que “fechado o poço” a região já contasse com novas atividades de emprego e renda. Não é que acontece. Não há propostas para o desenvolvimento local e regional e nem existem políticas estruturais por parte das prefeituras ou do governo do Estado. Enfim, os royalties são mal aplicados e não chega ao cidadão que sofre o impacto das mudanças na região.
Subitamente, aportam na cidade centenas de novos moradores que provocam o aumento dos preços dos aluguéis e dos produtos locais e do uso dos serviços públicos. O nível de emprego aumenta, a renda aumenta, o consumo aumenta, mas são muito poucos que vão desfrutar dos benefícios dessa riqueza. E como o Estado não está presente na proteção social, crianças e adolescentes acabam sendo vítimas fáceis das drogas e da prostituição provocados pelo impacto do chamado “desenvolvimento” trazido pelo petróleo.
Nenhuma empresa tem tido a responsabilidade social de criar previamente uma infra-estrutura de forma a reduzir o impacto social e econômico gerado a partir de sua instalação. Elas vêm, se instalam e pronto. O resto é com o Estado. E o Estado não faz. Com a tacanhez de grande parte dos prefeitos e vereadores é possível saber no que vai dar. E já deu. Percorram a região petrolífera do Rio Grande do Norte e vejam essa “miséria na fartura”.
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