Nas idas e vindas de sua carreira, esse oitavo álbum de Marisa Monte acaba tendo muito a ver com "Memórias, crônicas e declarações de amor" (2000): cantora e compositora estão em busca da essência da canção popular, aquela que bate e fica, sem medo de expor o mais banal dos sentimentos. Muito do que deu em "Amor I love you" (canção regravada até por Reginaldo Rossi) está de volta em "O que você quer saber de verdade" - só que com uma roupagem que obedece às inquietações e ao padrão MM de qualidade.
"Depois" talvez seja a canção que melhor encarne o espírito do disco: um pop de rádio AM anos 1970, meio dramático, meio Márcio Greick.
Primeira faixa a ser divulgada, "Ainda bem" é outro bom exemplo disso, juntando violão flamenco, guitarra surf music, trompete mariachi e muito nã-nã-nã-nã numa canção de esquematismo aterradoramente eficiente.
Novidade no universo da cantora, o compositor André Carvalho é responsável por "Nada tudo", canção entre o choro e o chamamé, que traz sabores mais sofisticados para este disco de temperos fortes, como os de "Lencinho querido", tango resgatado do repertório de Dalva de Oliveira com a moldura dos argentinos do Café de Los Maestros.
Disco de contrastes, "O que você quer saber de verdade" por um lado traz aquilo que se espera de Marisa (a reciclagem da tribalista faixa-título, a recriação de um velho Jorge Ben, "Descalço no parque"). Por outro, apresenta-a relaxada, na lúdica "Seja feliz". É a simplicidade embalada com luxo, com ousadias bem dosadas, para todo mundo curtir junto.
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