sábado, 5 de novembro de 2011

CONVÉS DE MADEIRA



 Bater engodo apodrecido
Para atrair o voador
Deixou-me tão entristecido
Quando me tornei um pescador

Quase minha carreira encerro
Desta triste maneira
Quando troquei o convés de ferro
Por um convés de madeira

Foi uma crise de momento
Tudo o que me aconteceu
Foi difícil o tormento
Mas a perseverança venceu

Convés de madeira escorregadio
Emendado com estopa e piche
Pingava como uma chuva, era um rio
Sobre minhas pernas com “maxixe”

A recompensa estava no porto
Quando em casa eu chegava
De cansado quase morto
E um bom banho eu tomava

Sentava a mesa esfomeado
Com o apetite de um leão
Comia um pirão de Dourado
Com uma cachacinha com limão

Mas o melhor era à noite
Quando com ela eu fazia amor
E o orgasmo como um açoite
Deixava-me em estado de torpor

Ali mesmo eu adormecia
Nos braços da mulher amada
E logo amanhecia
Começando uma nova jornada

(*) Poesia extraída do livro:
Guamaré, Retalhos Poéticos
Autor: Gonzaga Filho

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