Criança pequena, menina-mulher.
Mal viraste broto e já estás aí
Broto que não esperou o tempo de florir.
O que foi feito da tua primavera?
E os teus olhos?
Há tempo esqueceram-se de sorrir...
Teus desejos esgueiraram-se apressados
Espalharam-se pelas ruas aos beijos e abraços com as sombras
Desvirginando-te a inocência e os sonhos de menina
Expondo-te as tuas vergonhas
E a tua dor de ser mulher.
Menina sem nome, a escória que te maculou
Jamais se mira no translucido espelho que revela sua lepra
Mas lava as mãos da culpa sobre ti
Sobre o teu riso sem graça
Sobre as migalhas que alimentam tua dor.
Oh criança! Olha a tua volta!
As brincadeiras ainda estão aí
As princesas, os castelos, as fadas,
As flores da vida caídas ao chão
Estão ao teu alcance...
Se ainda te for possível acreditar.
(***) Poesia de Iruvane Miranda.
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