sexta-feira, 11 de novembro de 2011

FLORES DE PAPEL



Criança pequena, menina-mulher.
Mal viraste broto e já estás aí
Broto que não esperou o tempo de florir.
O que foi feito da tua primavera?
E os teus olhos?
Há tempo esqueceram-se de sorrir...

Teus desejos esgueiraram-se apressados
Espalharam-se pelas ruas aos beijos e abraços com as sombras 
Desvirginando-te a inocência e os sonhos de menina
Expondo-te as tuas vergonhas
E a tua dor de ser mulher.

Menina sem nome, a escória que te maculou
Jamais se mira no translucido espelho que revela sua lepra
Mas lava as mãos da culpa sobre ti
Sobre o teu riso sem graça
Sobre as migalhas que alimentam tua dor.

Oh criança! Olha a tua volta!
As brincadeiras ainda estão aí
As princesas, os castelos, as fadas, 
As flores da vida caídas ao chão 
Estão ao teu alcance...
Se ainda te for possível acreditar.

(***) Poesia de Iruvane Miranda.

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