Os mosquitos
aedes aegypti e aedes albopictus têm muito mais em comum do que as listras
brancas nas patas. Além de transmitir o vírus da dengue, eles são responsáveis por
ter acamado, até 25 de outubro, 828 brasileiros por causa do vírus chikungunya,
que, em uma das línguas oficiais da Tanzânia, significa “contorcer-se de dor”.
E é fato. A
dor articular é intensa. Embora bem menos grave do que a dengue, quem é picado
por um desses mosquitos que estão contaminados pelo vírus sofre de dores
articulares que as impede até de andar. Há dificuldade para se mexer, pegar
objetos. Em até 10 dias, esses sintomas costumam passar. O problema é que, para
uma parcela dos pacientes, as dores articulares se mantêm por meses.
Além da dor
articular, os outros sintomas são iguais aos da dengue: febre, dor de cabeça,
mal estar, dor no corpo. “Não tem tratamento específico. Assim como a dengue,
só se trata os sintomas”, explica o infectologista Luiggi Miguez, do Hospital
Balbino, no Rio de Janeiro.
E as viagens
de navio e avião não são só para quem pode pagar. Os mosquitos também entram
clandestinamente onde não são chamados e se tornam viajantes. Eles, que depois
da África oriental haviam estabelecido residência no sudeste asiático, migraram
para o Caribe e, de lá para o Brasil é um pulo.
E eles
chegaram aqui e estão aterrorizando vários estados Brasileiros. A Bahia, por
exemplo, registrou 458 casos até 25 de outubro. O Amapá, 330.
788 picadas
pelo aedes aegypti ou aedes albopictus somente nesses estados. Nada melhor para
provar que eles estão voando livremente e, desses estados para outros no
Brasil, o caminho também é curto.
E só há uma
forma de prevenção: exterminar o mosquito. “A principal medida que um cidadão
comum pode fazer para o chikungunya e a dengue é não se expor a esses agentes,
e isso só é possível eliminando criadouros de mosquitos, vasilhames que
acumulam água, matos que podem acumular água, ou seja, prevenir a proliferação
dos mosquitos”, explica o infectologista Carlos Brites, da Sociedade Brasileira
de Infectologia.
A partir do
momento em que a pessoa foi picada pelo mosquito que continha o vírus, os
sintomas começam entre três e cinco dias. E vem a febre, dor de cabeça, dor no
corpo e intensa dor articular. Só por meio da dor articular que os médicos
conseguem identificar que é chikungunya, não dengue.
“As dores
nas juntas acontecem nos punhos, tornozelo, joelho. Depois que a fase aguda
melhora, o indivíduo pode ficar com dores nas juntas por dois meses ou mais”,
alerta o infectologista do Hospital 9 de Julho, Antônio Pignatari. Ele
recomenda que, se as dores persistirem, procurar um médico para fazer o
tratamento, que pode ser com antiinflamatórios (só se receitados por um
médico), fisioterapia e analgésicos.
Brites
explica que, na maioria dos casos, os sintomas vão embora dentro de 10 dias. O
vírus só é identificado depois de cerca de sete dias, por meio dos anticorpos
no teste sorológico. “Há disponibilidade limitada da identificação desse vírus
por meio de exames, porque é um agente novo aqui. Caso os sintomas persistam,
os testes em laboratórios centrais devem ser feitos para identificação”,
explica o infectologista.
O
infectologista da Sociedade Brasileira de Infectogia espera que uma vacina seja
desenvolvida. “Como a estratégia de desenvolvimento da vacina do chikungunya é
parecida com a da dengue, por serem vírus parecidos, pode ser que seja do
interesse dos desenvolvedores tentarem produzir uma para o novo vírus”, diz o
Brites.
O fato é que
até 25 de outubro, 828 pessoas se tornaram imunes ao vírus, já que, uma vez
picado, o organismo fabrica antígenos para se defender de uma próxima vez. E o
chikungunya não incomoda mais. No entanto, quem teve chikungunya ainda está
suscetível a ter dengue (se não foi infectado antes), já que a dengue são
quatro tipos diferentes de vírus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário