quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A DANÇA DO ARARUNA


Em 1921, mestre Cornélio chegou a Natal com sua irmã, posteriormente seus pais também vieram. No ano de 1949, no período do São João, ele deu início a uma quadrilha (São João na Roça) que se tornou um marco cultural na época, pois em Natal o lazer girava em torno do cinema e do futebol, segundo o Sr. Cornélio.

A quadrilha era realizada na rua durante o período junino, despertando a curiosidade e o interesse das pessoas. O mestre Cornélio reuniu suas tradições familiares com passos de danças aristocráticas de salão do século XIX, e o grupo, que a princípio foi criado para a quadrilha, logo se tornou o Araruna. Em pouco tempo a fama se espalhou, chegando ao conhecimento do folclorista e historiador Luís da Câmara Cascudo.

Como folclorista e incentivador da cultura do Rio Grande do Norte, Câmara Cascudo procurou o Sr. Cornélio e passou a apoiar o grupo. Fazia três anos que o grupo dançava e não era registrado, e então Câmara Cascudo sugeriu batizá-lo de Araruna por ser a primeira dança da série de quinze que compunha o repertório do grupo. A sugestão foi acatada e o grupo passou a ser conhecido como Sociedade de Danças Antigas e Semi-Desaparecidas Araruna, a partir do ano de 1956.

A Sociedade de Danças Antigas e Semi-Desaparecidas Araruna, atualmente constitui-se em associação e, é reconhecida como entidade de utilidade pública, instituída pela lei nº 91 de 28 de agosto de 1935. Foi regulamentada pelo decreto nº 50.517 datado de 2 de maio de 1961. O grupo Araruna tem como objetivo a divulgação e conservação da cultura norte-rio-grandense, principalmente por ser genuinamente potiguar. Em nome desse amor a cultura potiguar, o Araruna vem vencendo as dificuldades e sobrevivendo ao longo das décadas de sua existência.

A Araruna é a única sociedade folclórica do Rio Grande do Norte com estatuto registrado em cartório e sede própria, localizada na Rua Miramar, no bairro das Rocas, cidade de Natal. A sede foi construída no terreno doado pelo então prefeito Djalma Maranhão e com a mão-de-obra dos próprios membros do grupo. A iniciativa de transformar essas manifestações folclóricas em sociedade partiu do vereador Manoel Oliveira Paula, tendo como inspiração o movimento para preservação e incentivo das manifestações folclóricas que ele conheceu em Recife.

Para as apresentações, os dançarinos se vestem de preto e branco, com roupas elegantes que se inspiram nas vestimentas da aristocracia do século XIX. Os homens de casaca e cartola, as mulheres com longos vestidos rodados e estola cobrindo os ombros. Organizados sempre em pares e enfileirados, o grupo possui quinze coreografias.

DANÇAS APRESENTADAS PELO ARARUNA

Araruna
Camaleão
Jara
Besouro
Caranguejo
Maria Rita
Sete Roda
Miudinho
Mazurca
Mulher Rendeira
Xote
Bode
Polca
Pau-Pereira
Valsa

As músicas são apenas dançadas e não cantadas, apesar de algumas delas possuírem letra. O grupo tem a preocupação em preservar as coreografias como foram idealizadas pelo Sr. Cornélio, sem nada modificar as danças, que vão passando de geração em geração da mesma forma.


Em 2006 a prefeitura de Natal, via FUNCART (Fundação Cultural Capitania das Artes), com apoio da iniciativa privada local, faz homenagem aos 50 anos do grupo por meio do lançamento de um CD intitulado: Araruna — 50 Anos de História. Nele estão registradas 13 músicas do grupo.

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