Em 1921,
mestre Cornélio chegou a Natal com sua irmã, posteriormente seus pais também
vieram. No ano de 1949, no período do São João, ele deu início a uma quadrilha
(São João na Roça) que se tornou um marco cultural na época, pois em Natal o
lazer girava em torno do cinema e do futebol, segundo o Sr. Cornélio.
A quadrilha
era realizada na rua durante o período junino, despertando a curiosidade e o
interesse das pessoas. O mestre Cornélio reuniu suas tradições familiares com
passos de danças aristocráticas de salão do século XIX, e o grupo, que a
princípio foi criado para a quadrilha, logo se tornou o Araruna. Em pouco tempo
a fama se espalhou, chegando ao conhecimento do folclorista e historiador Luís
da Câmara Cascudo.
Como
folclorista e incentivador da cultura do Rio Grande do Norte, Câmara Cascudo
procurou o Sr. Cornélio e passou a apoiar o grupo. Fazia três anos que o grupo
dançava e não era registrado, e então Câmara Cascudo sugeriu batizá-lo de
Araruna por ser a primeira dança da série de quinze que compunha o repertório
do grupo. A sugestão foi acatada e o grupo passou a ser conhecido como Sociedade
de Danças Antigas e Semi-Desaparecidas Araruna, a partir do ano de 1956.
A Sociedade
de Danças Antigas e Semi-Desaparecidas Araruna, atualmente constitui-se em
associação e, é reconhecida como entidade de utilidade pública, instituída pela
lei nº 91 de 28 de agosto de 1935. Foi regulamentada pelo decreto nº 50.517
datado de 2 de maio de 1961. O grupo Araruna tem como objetivo a divulgação e
conservação da cultura norte-rio-grandense, principalmente por ser genuinamente
potiguar. Em nome desse amor a cultura potiguar, o Araruna vem vencendo as
dificuldades e sobrevivendo ao longo das décadas de sua existência.
A Araruna é
a única sociedade folclórica do Rio Grande do Norte com estatuto registrado em
cartório e sede própria, localizada na Rua Miramar, no bairro das Rocas, cidade
de Natal. A sede foi construída no terreno doado pelo então prefeito Djalma
Maranhão e com a mão-de-obra dos próprios membros do grupo. A iniciativa de
transformar essas manifestações folclóricas em sociedade partiu do vereador
Manoel Oliveira Paula, tendo como inspiração o movimento para preservação e
incentivo das manifestações folclóricas que ele conheceu em Recife.
Para as
apresentações, os dançarinos se vestem de preto e branco, com roupas elegantes
que se inspiram nas vestimentas da aristocracia do século XIX. Os homens de
casaca e cartola, as mulheres com longos vestidos rodados e estola cobrindo os
ombros. Organizados sempre em pares e enfileirados, o grupo possui quinze
coreografias.
DANÇAS APRESENTADAS PELO ARARUNA
Araruna
Camaleão
Jara
Besouro
Caranguejo
Maria Rita
Sete Roda
Miudinho
Mazurca
Mulher Rendeira
Xote
Bode
Polca
Pau-Pereira
Valsa
As músicas
são apenas dançadas e não cantadas, apesar de algumas delas possuírem letra. O
grupo tem a preocupação em preservar as coreografias como foram idealizadas
pelo Sr. Cornélio, sem nada modificar as danças, que vão passando de geração em
geração da mesma forma.
Em 2006 a
prefeitura de Natal, via FUNCART
(Fundação Cultural Capitania das Artes), com apoio da iniciativa privada local,
faz homenagem aos 50 anos do grupo por meio do lançamento de um CD intitulado: Araruna — 50 Anos de História. Nele
estão registradas 13 músicas do grupo.
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