Marcos Demelo
é um homem magro, e suas roupas não denunciam o estereótipo artístico: nem
largado demais, nem também com glamour. Apenas o detalhe do corte capilar dá
algum sinal da sua veia artística.
O artista
destaca que sempre teve vontade se tornar-se um homem da arte, mesmo sem a
ciência para discernir durante a infância. “Eu tinha aquele desejo de entrar no
mundo das artes desde criança”, disse. Quando mais velho decidiu estudar as
artes, conhecer e aprimorar sua técnica. Para isso, desceu para o sul, em
direção a São Paulo. Entretanto, na terra da garoa o sonho encontrou outras
barreiras. Além de pagar um curso caro, também tinha a pensão onde vivia.
Muitas contas para pouca grana. Desistiu. Voltou para o Rio Grande do Norte.
Embora sua
história não tivesse dado certo no sudeste, em sua terra natal não deixou o
sonho morrer e passou a estudar por conta própria, não só na busca por estilo e
uma técnica próprios, mas também lia livros na busca por referências.
Paralelamente, Marcos Demelo fez outros trabalhos, mas no que se fixou foi na
produção de móveis rústicos, sendo esta, até hoje, a sua principal fonte de
renda.
O ARTISTA É UM DIFUSOR DO RECICLACIONISMO
Em sua casa
começou a saga pela identidade artística. Ele destacou que há mais de 20 anos
vem trabalhando para desenvolver o seu estilo, e há nove na sua técnica.
Marcos
Demelo afirma ser um difusor do Reciclacionismo. A técnica consiste em, sobre a
pintura, realizar contornos com o uso de fios telefônicos e de computação.
Embora não
se enquadrando na mesma técnica, mas a arte com o uso de material reciclado já
é conhecida, só para citar um exemplo, o documentário Lixo Extraordinário
apresentou ao mundo o trabalho do artista plástico Vik Muniz, que produziu
diversas obras usando o “lixo” do maior aterro sanitário do mundo, o Gramacho,
no Rio de Janeiro.
Apesar
disso, repito: a única semelhança entre os dois se limita ao uso de materiais
recicláveis para a produção.
Ele afirma
que começou a atentar a esta técnica quando leu um livro falando sobre o
trabalho de Monet que se referia à tapeçaria, neste momento começou o seu
estudo. Seu estado criterioso para a
avaliação do trabalho foram marcas para o amadurecimento da sua arte.
Esse
trabalho de experimentos, como destacou, ia acontecendo enquanto pintava
livremente. Entretanto, ao fim, não se enxergava naquela obra, e sim a cópia de
outrem. O primeiro trabalho que o fez chegar onde queria foi a obra intitulada
“O Pescador”, a qual pouco tempo depois foi comprado por uma mulher e levado
para o Estados Unidos, segundo o artista.
Hoje, o
homem que mora no bairro Brasil Novo, zona Norte de Natal, continua construindo
móveis rústicos, enquanto vai pintando e trançando os fios. Enquanto falava,
percebe-se que ele não vive na busca que as pessoas tenham a mesma opinião que
ele sobre sua obra:
- O meu
trabalho é enriquecedor.
Porém, a sua
arte começa, como uma flor que passa dias e dias fechada, a se abrir para o
Mundo. Se o leitor andar pela mesma Cidade Alta, onde essa entrevista
aconteceu, poderá se deparar com as obras do artista em dois pontos. Caso
esteja procurando por literatura de cordel, xilogravuras, velhas vitrolas o
máquinas datilográficas na Casa do Cordel, propriedade de Abaeté, encontrará lá
algumas obras de Marcos.
O outro
ponto é o Bar de Nazaré, onde uma parte da boêmia natalense se encontra para
beber e comer picadinho também tem quatro peças expostas, e disponíveis à
venda. Com preços que variam de R$ 200,00 a R$ 1.000,00, o interessado pode
levar os quadros para casa.
O artista
também ressaltou sobre a importância de fazer o que se dá prazer em fazer. Com
isso, o fruto do seu trabalho será melhor a cada dia..
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