APRESENTAÇÃO DO BOI DE REIS GALEGO ABOIADOR |
O Boi de
Reis, Bumba Meu Boi ou Boi-Bumbá é uma dança do folclore popular brasileiro,
com personagens humanos e animais fantásticos, que gira em torno de uma lenda
sobre a morte e ressurreição de um boi.
A festa tem
ligações com diversas tradições, africanas, indígenas e europeias, inclusive
com festas religiosas católicas, sendo associada fortemente ao período de
festas juninas.
Ao
espalhar-se pelo país, o bumba meu boi adquire nomes, ritmos, formas de
apresentação, indumentárias, personagens, instrumentos, adereços e temas
diferentes. Dessa forma, enquanto em Pernambuco é chamado Boi-Calemba ou Bumbá;
no Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas e Piauí é chamado Boi de Reis ou Bumba
Meu Boi; no Ceará, é Boi de Reis, Boi-Surubim e Boi-Zumbi; na Bahia, é Boi-Janeiro,
Boi-Estrela-do-Mar, Dromedário e Mulinha-de-Ouro; em Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Cabo Frio e Macaé (em Macaé, há o famoso Boi do Sadi) é bumba ou Folguedo-do-Boi;
no Espírito Santo é Boi de Reis; em São Paulo é Boi de Jacá e Dança-do-Boi; no
Pará, Rondônia e Amazonas, é Boi-Bumbá ; no Paraná, em Santa Catarina, é Boi-de-Mourão
ou Boi-de-Mamão ; no Rio Grande do Sul é Bumba, Boizinho ou Boi-Mamão.
HISTÓRIA
Manifestações
culturais e religiosas em torno da figura do boi existiram em diversas culturas
antigas pelo mundo. A festa do Bumba Meu Boi surgiu no nordeste do país.
Sobre o
surgimento dessa festa, foram criadas lendas, mas todas sem qualquer fundamento
histórico. Uma dessas lendas em torno de seu surgimento diz que essa festa
surgiu no Estado do Piauí, pois a região onde hoje se situa o Piauí começou a
ser povoada por vaqueiros que vinham da Bahia em busca de novas pastagens para
o gado.
Porém, o
único fato conhecidamente certo sobre a história do surgimento dessa festa é o
de um episódio ocorrido no período da dominação holandesa no estado de
Pernambuco, mais precisamente em Recife. Esse acontecimento é denominado de
episódio do Boi Voador, e que, a partir daí, teria evoluído para uma lenda com
uma história mais elaborada tal como é hoje.
Seu primeiro
registro ocorre num jornal do Recife, no ano de 1840.
Mas é no
Estado do Maranhão que o Bumba Meu Boi tem sido mais valorizado em todo o
nordeste e, dali, passou a ser exportado para o Estado do Amazonas com o nome
de Boi-Bumbá, visitado anualmente por milhares de turistas que vão conhecer o
famoso Festival Folclórico de Parintins, realizado desde 1965.
ENREDO
Existem
algumas variações a respeito da lenda do boi. A história mais comum aborda a
escrava Catirina (ou Catarina), grávida, que pede ao marido Chico (ou Pai
Francisco) para comer língua de boi. O escravo atende ao desejo da esposa,
matando o boi, e sendo preso a mando do dono da fazenda. Com a ajuda de
curandeiros, o boi é então ressuscitado.
Dependendo
da versão, outros personagens podem ser incorporados, tais como: Bastião,
Arlequim, Pastorinha, Turtuqué, o engenheiro, o padre, o médico, o diabo, entre
outros. Quase todos quase sempre interpretados por homens, que se travestem
para compor os personagens femininos.
Em algumas
versões, Pai Chico chama-se Mateus e o boi não é morto por ele, mas apenas se
perde e acaba morto no decorrer da história, sendo também ressuscitado ao fim.
CONCEPÇÃO
A essência
da lenda enlaça a sátira, a comédia, a tragédia e o drama, e demonstra sempre o
contraste entre a fragilidade do homem e a força bruta de um boi. Esta essência
se originou da lenda de Catirina e Pai Francisco, de origem nordestina.
Ao ser levada
para a região Norte, sofreu adaptação à realidade amazônica, e faz reverência
ao boi como se esse fosse nativo da floresta Amazônica (o que é historicamente
incorreto, pois o gado bovino não é nativo das Américas), também exaltando a
alegria, sinergia e força das festas coletivas indígenas.
PERSONAGENS
O Capitão é o comandante do espetáculo. Há
também Mateus e Catirina, personagens bastante conhecidos que apresentam os bichos,
cantam e dançam de forma cômica. Existem vários personagens e variam bastante
entre os diferentes grupos, mas os principais são os seguintes:
Amo: representa o papel do dono da
fazenda, comanda o grupo com auxílio de um apito e um maracá (maracá do amo)
canta as toadas principais;
Pai Chico ou Mateus
Mãe Catirina ou Catirina
Boi : é a principal figura, consiste
numa armação de madeira em forma de touro, coberta de veludo bordado.
Prende-se, à armação, uma saia de tecido colorido. A pessoa que fica dentro e
conduz o boi é chamado miolo do boi;
Vaqueiros: são também conhecidos por
rajados. Nos Bois de Zabumba, são chamados caboclos de fita. Em alguns bois,
existe o primeiro vaqueiro, a quem o fazendeiro delega a responsabilidade de
encontrar pai Chico e o boi sumido, e seus ajudantes, que também são chamados
vaqueiros;
Índios, índias e caboclos: têm a missão de localizar e
prender Pai Chico. Na apresentação do boi, proporcionam um belo efeito visual,
devido à beleza de suas roupas e da coreografia que realizam. Alguns bois,
principalmente os grupos de sotaque da ilha, possuem o caboclo real, ou caboclo
de pena, que é a mais rica indumentária do boi;
Burrinha: aparece em alguns grupos de
bumba meu boi. Trata-se de um cavalinho ou burrinho pequeno, com um furo no
centro por onde entra o brincante. A burrinha fica pendurada nos ombros do
brincante por tiras similares a um suspensório;
Cazumbá: Personagem divertido, às vezes
assustador, que usa batas coloridas e máscaras de formatos e temática muito
variada. Não são todos os grupos de bumba meu boi que possuem cazumbás.
INSTRUMENTOS
Os bois de
influência predominantemente indígena, bois de matraca, utilizam principalmente
os seguintes instrumentos:
Maracá: instrumento feito de lata,
cheio de chumbinhos ou contas de Santa Maria. É um instrumento de origem tanto
africana como indígena;
Matraca: feita de madeira,
principalmente pau d'arco, é tocada batendo-se uma contra a outra;
Pandeirão: pandeiro grande, coberto
geralmente de couro de cabra. Alguns têm mais de 1 metro de diâmetro e cerca de
10 cm de altura. São afinados a fogo.
Tambor Onça: É uma espécie de cuíca, toca-se
puxando uma vareta que fica presa ao couro e dentro do instrumento. Imita o
urro do boi, ou da onça.
Os bois de
zabumba utilizam principalmente:
Tamborinho: pequeno tambor coberto de couro
de bicho. O mais comum é usar couro de cutia. É tocado com a ponta dos dedos.
Zabumba: é um grande tambor, conhecido
também como bumbo, é um instrumento tipicamente africano;
Tambor de Fogo: feito de uma tora de madeira
ocada a fogo e coberto por um couro cru de boi preso à tora por cravelhas. É um
instrumento tipicamente africano;
Os bois de
orquestra têm instrumentação muito variada: utilizam instrumentos de sopro como
saxofones, trombones, clarinetas e
pistões; banjos, bumbos e taróis,
também mara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário