quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O BOI DE REIS

APRESENTAÇÃO DO BOI DE REIS GALEGO ABOIADOR

O Boi de Reis, Bumba Meu Boi ou Boi-Bumbá é uma dança do folclore popular brasileiro, com personagens humanos e animais fantásticos, que gira em torno de uma lenda sobre a morte e ressurreição de um boi.

A festa tem ligações com diversas tradições, africanas, indígenas e europeias, inclusive com festas religiosas católicas, sendo associada fortemente ao período de festas juninas.

Ao espalhar-se pelo país, o bumba meu boi adquire nomes, ritmos, formas de apresentação, indumentárias, personagens, instrumentos, adereços e temas diferentes. Dessa forma, enquanto em Pernambuco é chamado Boi-Calemba ou Bumbá; no Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas e Piauí é chamado Boi de Reis ou Bumba Meu Boi; no Ceará, é Boi de Reis, Boi-Surubim e Boi-Zumbi; na Bahia, é Boi-Janeiro, Boi-Estrela-do-Mar, Dromedário e Mulinha-de-Ouro; em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Cabo Frio e Macaé (em Macaé, há o famoso Boi do Sadi) é bumba ou Folguedo-do-Boi; no Espírito Santo é Boi de Reis; em São Paulo é Boi de Jacá e Dança-do-Boi; no Pará, Rondônia e Amazonas, é Boi-Bumbá ; no Paraná, em Santa Catarina, é Boi-de-Mourão ou Boi-de-Mamão ; no Rio Grande do Sul é Bumba, Boizinho ou Boi-Mamão.

HISTÓRIA

Manifestações culturais e religiosas em torno da figura do boi existiram em diversas culturas antigas pelo mundo. A festa do Bumba Meu Boi surgiu no nordeste do país.

Sobre o surgimento dessa festa, foram criadas lendas, mas todas sem qualquer fundamento histórico. Uma dessas lendas em torno de seu surgimento diz que essa festa surgiu no Estado do Piauí, pois a região onde hoje se situa o Piauí começou a ser povoada por vaqueiros que vinham da Bahia em busca de novas pastagens para o gado.

Porém, o único fato conhecidamente certo sobre a história do surgimento dessa festa é o de um episódio ocorrido no período da dominação holandesa no estado de Pernambuco, mais precisamente em Recife. Esse acontecimento é denominado de episódio do Boi Voador, e que, a partir daí, teria evoluído para uma lenda com uma história mais elaborada tal como é hoje.

Seu primeiro registro ocorre num jornal do Recife, no ano de 1840.
Mas é no Estado do Maranhão que o Bumba Meu Boi tem sido mais valorizado em todo o nordeste e, dali, passou a ser exportado para o Estado do Amazonas com o nome de Boi-Bumbá, visitado anualmente por milhares de turistas que vão conhecer o famoso Festival Folclórico de Parintins, realizado desde 1965.

ENREDO

Existem algumas variações a respeito da lenda do boi. A história mais comum aborda a escrava Catirina (ou Catarina), grávida, que pede ao marido Chico (ou Pai Francisco) para comer língua de boi. O escravo atende ao desejo da esposa, matando o boi, e sendo preso a mando do dono da fazenda. Com a ajuda de curandeiros, o boi é então ressuscitado.

Dependendo da versão, outros personagens podem ser incorporados, tais como: Bastião, Arlequim, Pastorinha, Turtuqué, o engenheiro, o padre, o médico, o diabo, entre outros. Quase todos quase sempre interpretados por homens, que se travestem para compor os personagens femininos.

Em algumas versões, Pai Chico chama-se Mateus e o boi não é morto por ele, mas apenas se perde e acaba morto no decorrer da história, sendo também ressuscitado ao fim.

CONCEPÇÃO
A essência da lenda enlaça a sátira, a comédia, a tragédia e o drama, e demonstra sempre o contraste entre a fragilidade do homem e a força bruta de um boi. Esta essência se originou da lenda de Catirina e Pai Francisco, de origem nordestina.

Ao ser levada para a região Norte, sofreu adaptação à realidade amazônica, e faz reverência ao boi como se esse fosse nativo da floresta Amazônica (o que é historicamente incorreto, pois o gado bovino não é nativo das Américas), também exaltando a alegria, sinergia e força das festas coletivas indígenas.

PERSONAGENS

O Capitão é o comandante do espetáculo. Há também Mateus e Catirina, personagens bastante conhecidos que apresentam os bichos, cantam e dançam de forma cômica. Existem vários personagens e variam bastante entre os diferentes grupos, mas os principais são os seguintes:

Amo: representa o papel do dono da fazenda, comanda o grupo com auxílio de um apito e um maracá (maracá do amo) canta as toadas principais;

Pai Chico ou Mateus

Mãe Catirina ou Catirina

Boi : é a principal figura, consiste numa armação de madeira em forma de touro, coberta de veludo bordado. Prende-se, à armação, uma saia de tecido colorido. A pessoa que fica dentro e conduz o boi é chamado miolo do boi;

Vaqueiros: são também conhecidos por rajados. Nos Bois de Zabumba, são chamados caboclos de fita. Em alguns bois, existe o primeiro vaqueiro, a quem o fazendeiro delega a responsabilidade de encontrar pai Chico e o boi sumido, e seus ajudantes, que também são chamados vaqueiros;

Índios, índias e caboclos: têm a missão de localizar e prender Pai Chico. Na apresentação do boi, proporcionam um belo efeito visual, devido à beleza de suas roupas e da coreografia que realizam. Alguns bois, principalmente os grupos de sotaque da ilha, possuem o caboclo real, ou caboclo de pena, que é a mais rica indumentária do boi;

Burrinha: aparece em alguns grupos de bumba meu boi. Trata-se de um cavalinho ou burrinho pequeno, com um furo no centro por onde entra o brincante. A burrinha fica pendurada nos ombros do brincante por tiras similares a um suspensório;

Cazumbá: Personagem divertido, às vezes assustador, que usa batas coloridas e máscaras de formatos e temática muito variada. Não são todos os grupos de bumba meu boi que possuem cazumbás.

INSTRUMENTOS
Os bois de influência predominantemente indígena, bois de matraca, utilizam principalmente os seguintes instrumentos:

Maracá: instrumento feito de lata, cheio de chumbinhos ou contas de Santa Maria. É um instrumento de origem tanto africana como indígena;
Matraca: feita de madeira, principalmente pau d'arco, é tocada batendo-se uma contra a outra;
Pandeirão: pandeiro grande, coberto geralmente de couro de cabra. Alguns têm mais de 1 metro de diâmetro e cerca de 10 cm de altura. São afinados a fogo.
Tambor Onça: É uma espécie de cuíca, toca-se puxando uma vareta que fica presa ao couro e dentro do instrumento. Imita o urro do boi, ou da onça.

Os bois de zabumba utilizam principalmente:
Tamborinho: pequeno tambor coberto de couro de bicho. O mais comum é usar couro de cutia. É tocado com a ponta dos dedos.
Zabumba: é um grande tambor, conhecido também como bumbo, é um instrumento tipicamente africano;
Tambor de Fogo: feito de uma tora de madeira ocada a fogo e coberto por um couro cru de boi preso à tora por cravelhas. É um instrumento tipicamente africano;


Os bois de orquestra têm instrumentação muito variada: utilizam instrumentos de sopro como saxofones, trombones, clarinetas e pistões; banjos, bumbos e taróis, também mara.

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