Eu tenho pena de certo tipo de gente, que por forças das circunstâncias, não pode exercer plenamente um dos maiores prazeres da vida que é o de falar mal da vida alheia.
Sim, porque não é qualquer um que pode fazer isso, não senhor.
O bom língua solta, aquele que atira pra todos os lados, tem que ter qualidades que o tornam paradoxalmente contrário àqueles que são o alvo das suas fofocas e futricas.
Como pode um trambiqueiro ou parceiro de trambicagens, disparar suas metralhadoras vocais, contra seus pares ladravazes ou praticantes de pungas e outras traquinagens? Pode também não. O cabra, pra falar de um sujeito safado, precisa ser honesto e caminhar à sombra nas searas da justiça e da probidade. Sob pena de tudo o que disser voltar contra ele mesmo, trazendo à tona a antiga máximas do sujo falando do mal lavado ou de enrolar o rabo e sentar em cima.
E é daí que vem minha comiseração. A direita e a esquerda brasileiras não podem desfrutar dessa delícia. Sendo farinhas do mesmo saco, precisam ficar caladinhas e engolir a seco aquela vontade irresistível de fofocar ou de dizer ao menos um simples e inocente “… esse político é corrupto”. Podem também não. De jeito nenhum.
Como falar mal de Sarney, se ele, de uma hora pra outra passou a ser socialista desde criancinha? Como futricar da vida de Luiz Inácio Capitalista da Silva, se o próprio, a partir de 2003, abandona a esquerda e se alia aos banqueiros e às frias, calculistas e poderosas empreiteiras do País, hoje multinacionais? Também não dá. Nem pensar Ribamar!
Milhões de jovens fazem manifestações pedindo o fim da corrupção no país, nada mais justo e louvável. Concordo que a corrupção, este câncer da politica brasileira tem que ser extirpado.
Mas, eu pergunto: Será que estes jovens que promovem passeatas, depredam patrimônios públicos são seres celestiais, anjos de candura que nunca praticaram a corrupção passiva ou ativa, nunca compraram CD ou DVD piratas, nunca tentaram ou subornaram um guarda de trânsito, ou outros pequenos delitos que passam despercebidos na vida do brasileiro, este ser que se acostumou a levar vantagem em tudo, com a famosa ”Lei de Gerson”?
Para que possamos pedir para que alguém seja honesto, temos que dar o exemplo e deixar de praticarmos estes “pequenos deslizes”.
2 comentários:
Tenho dito, caro Luiz.
Ser honesto neste país é muito caro...e perigoso.
pois é Luizão; concordo com o Marcos Fonseca, honestidade tem preço e o preço que se paga é alto de mais...
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