domingo, 8 de janeiro de 2012

EM GALINHOS OS MORADORES SÃO CONTRÁRIOS A INSTALAÇÃO DE USINAS EÓLICAS



Os ventos que fizeram o Rio Grande do Norte ocupar uma posição de destaque nos leilões de energia eólica nos últimos cinco anos hoje sopram a incerteza sobre o município de Galinhos, distante 166 quilômetros de Natal.

A expectativa em torno da instalação de um empreendimento de geração de energia através da força dos ventos faz com que a população se sinta apreensiva em relação ao futuro econômico da região, cuja subsistência está calçada na exploração pesqueira e turística. Conforme detalha o projeto do Consórcio Brasventos - formado pelas empresas J Malucelli Energia, Eletronorte e Furnas - 35 aerogeradores serão instalados numa área de aproximadamente 719 hectares. A extensão de terra inclui um dos cartões postais da cidade, as dunas móveis do Capim, com lagoas formadas pelas chuvas, além de pelo menos seis sítios arqueológicos com registros da ocupação indígena na região. 

As primeiras pesquisas para aferir o potencial eólico da região começaram em 2008 com a instalação de uma torre com equipamentos que medem a velocidade dos ventos. Além disso, uma equipe de pesquisadores do Núcleo de Arqueologia e Semiótica do Ceará (Narce), desenvolveu trabalhos de catalogação das peças de cerâmica e vestígios de ocupação primitiva na região das dunas do Capim. Ao longo dos últimos doze meses, técnicos do Consórcio Brasventos se dirigiram à área e delimitaram os pontos nos quais os aerogeradores serão instalados. Alguns deles estão a menos de três quilômetros de distância do vilarejo de Galos, com 700 habitantes.

 "Nossa reivindicação é pela não implantação dos aerogeradores na área das dunas. Nós queremos preservar a área do jeito que ela está hoje e ainda queremos transforma-la numa área de preservação ambiental", afirma Mário Helisson da Silva Lima, conhecido como Ecinho, presidente da Associação dos Bugueiros de Galinhos. Questionado sobre os motivos pelos quais a comunidade posicionou-se contrária à instalação do empreendimentos aproximadamente quatro anos depois das primeiras pesquisas de viabilidade econômica feita pela Brasventos, Ecinho comentou que o assunto não foi tratado na comunidade pelo Consórcio.

 De acordo com a secretária municipal de Turismo, Chesma Marino, a comunidade só ficou sabendo do projeto depois que o relatório de impacto ambiental foi entregue pela concessionária ao ex-prefeito de Galinhos, Francisco Rodrigues de Araújo, cassado em dezembro passado. "Nós tivemos acesso ao documento em novembro e iniciamos uma corrida contra o tempo. Realizamos três audiências públicas com o intuito de impedir a instalação dos aerogeradores na área das dunas, mas a empresa está intransigente e não atendeu às nossas solicitações", destaca. Ela afirma, ainda, que o ex-prefeito era favorável ao projeto. 

 A expectativa do Brasventos é de que os primeiros aerogeradores sejam instalados ainda no primeiro semestre deste ano. 

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