Por: Carlos Newton
É um dos políticos mais experientes do PSB, foi destaque na Constituinte como um dos sub-relatores da Comissão de Assuntos Econômicos, depois se reelegeu deputado federal, foi prefeito de Petrolina e secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco. Tem tanto prestígio que conseguiu eleger um filho como deputado federal em 2010.
Agora, Fernando Coelho mete os pés pelas mãos ao comandar as verbas do ministério destinadas à prevenção e preparação de desastres naturais, como enchentes e desmoronamentos. Em obras iniciadas em 2011, Pernambuco concentrou espantosos 90% dos gastos da pasta para essa finalidade, segundo levantamento feito com base em dados do Tesouro Nacional e pela organização não-governamental Contas Abertas.
Ou seja, ultrapassou com folga um de seus antecessores de triste memória, o ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB, que concentrou na Bahia 60% dessas mesmas verbas, mas mesmo assim não conseguiu se eleger governador, derrotado pelo petista Jaques Wagner.
Indicado para o cargo pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, Bezerra é pré-candidato à prefeitura do Recife em 2012 . Ele nega. Mas o fato é que a concentração de verbas do programa de prevenção e preparação para desastres em Pernambuco foi tão grande que o Estado lidera o ranking da liberação de dinheiro da União mesmo quando é considerado o pagamento de contas pendentes deixadas pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dos gastos autorizados e pagos em 2011, Pernambuco recebeu 14 vezes mais do que o segundo colocado, o Paraná, onde chuvas fortes provocaram enxurradas e deslizamentos no ano passado. Do total de R$ 28,4 milhões pagos em obras autorizadas em 2011 para prevenção de desastres naturais, Pernambuco recebeu surpreendentes R$ 25,5 milhões, contra R$ 1,8 milhão liberado para o Paraná.
O restante (quase nada, apenas R$ 1.1 milhão) foi dividido para outros Estados, entre eles Rio de Janeiro e Santa Catarina, que tanto têm sofrido com calamidades públicas. E para conter cheias na região metropolitana de São Paulo, ação que teve R$ 31 milhões de gastos autorizados pelo Orçamento de 2011, o ministério não liberou um só nenhum tostão, mostra o levantamento.
Essa odiosa concentração de verbas é uma demonstração da insensibilidade dos políticos e mostra também que o governo federal – via Casa Civil e Presidência da República – também não demonstra o menor interesse em administrar com equidade e justiça social.
Ao invés de fazer política, o Planalto permite que os ministros se dediquem à corrupção e à politicagem. Agora, depois da casa arrombada, a presidente Dilma Rousseff, ao invés de demitir o ministro, simplesmente manda que ele se submeta à Casa Civil a futura distribuição de verbas. E la nave va, fellinianamente.
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