A velha e
boa rádio AM vai ganhar novo fôlego no Brasil, com a migração das emissoras
para a faixa FM. Como nenhum aparelho eletrônico moderno, incluindo os
celulares, recebem o sinal AM, as rádios que operam nessa faixa estavam
perdendo público velozmente, principalmente entre os mais jovens, disse hoje
(18) o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, durante a 43ª Assembleia
Geral da Associação Internacional de Radiodifusão, que este ano ocorre no Rio
de Janeiro.
Paulo
Bernardo disse que a digitalização do rádio, assim como vem acontecendo com a
TV, ainda não tem um modelo que definitivamente sirva ao Brasil. “O que nós
vamos fazer ainda este ano é autorizar as rádios AM se transformarem em rádios
FM. Uma das pressões que temos para fazer o rádio digital é que a qualidade do
rádio AM está caindo, principalmente nos grandes centros urbanos. Isso
prejudica muito a audiência. A juventude, por exemplo, nem ouve mais rádio AM”,
declarou.
Bernardo
informou que já foram feitos estudos que apontam viabilidade para a migração.
“Com a digitalização da TV, nós temos os canais 5 e 6 [liberados], onde cabem
muitas rádios. Nós estamos fazendo uma solução que é importante, que é
autorizar rádio AM para a faixa de FM. Isso vai ser assinado em novembro, que
tem o Dia do Radialista [comemorado em 7 de novembro.]”
O ministro
disse também que o desligamento do sinal analógico para os antigos aparelhos de
televisão, chamado de switch off, ocorrerá no primeiro semestre de 2015, mas
que o cronograma ainda está sendo acertado com as emissoras. Segundo Bernardo,
não haverá, contudo, prejuízo para o público, pois o governo vai facilitar a
aquisição dos aparelhos necessários para converter o sinal digital para as
televisões analógicas.
O presidente
da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel
Slaviero, explicou que, com a futura liberação do espectro de 700 mega-hertz
(MHz), onde hoje operam as televisões analógicas, parte desse espaço será
ocupado pelas rádios AM.
“Hoje a
faixa de frequência do FM atual vai de 88 MHz a 108 MHz. Os canais 5 e 6 vão de
76 MHz a 88 MHz. É o que agente chama de faixa contígua ao FM. O decreto
conterá que nos municípios onde tem outorga e todas as AM cabem no espectro
atual de FM elas migram automaticamente e devolvem sua frequência AM para o
governo. E nas emissoras que vão para os canais 5 e 6, elas começam a operar e
terão um prazo de transmissão simultâneo até cinco anos”, explicou.
O presidente
da Abert disse ainda que, para garantir que os novos rádios possam captar essa
faixa extra de FM, o governo deverá editar uma portaria obrigando todos os
receptores produzidos no Brasil já virem com atualização do software para a
faixa estendida.
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