O
ex-ministro José Dirceu desistiu nesta quinta-feira da oferta de emprego como
gerente administrativo do Hotel Saint Peter. Segundo nota de esclarecimento
divulgada pelos seus advogados, a decisão foi tomada para “diminuir o
sofrimento dos empresários que lhe fizeram a oferta e das centenas de
funcionários que trabalham no grupo”. O pedido de desistência será protocolado
amanhã na Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal.
“Reafirmamos
que a proposta apresentada cumpria todas as formalidades previstas em lei, como
contrato firmado, carteira de trabalho assinada e toda a documentação
complementar exigida. Mesmo assim, foi tratada por setores da mídia como uma
farsa. Essa atitude denuncia a intenção de impedir que o ex-ministro trabalhe,
direito que lhe é garantido pela lei e que vale para todos os condenados em
regime semiaberto”, afirmam os advogados José Luís de Oliveira Lima e Rodrigo
Dall’acqua na carta.
Dirceu foi
condenado no julgamento do mensalão a 10 anos e 10 meses de prisão pelos crimes
de corrupção ativa e formação de quadrilha. No entanto, como recorreu da
condenação por quadrilha, vem cumprindo desde o dia 15 de novembro apenas a
pena correspondente à corrupção, equivalente a 7 anos e 11 meses.
No dia 22 de
novembro, Dirceu teve sua carteira de trabalho assinada pelo Hotel Saint Peter
com um salário de R$ 20 mil, 11 vezes mais do que recebe a gerente geral do
mesmo hotel e responsável por sua contratação.
De acordo
com reportagens do Jornal Nacional, um dos sócios do hotel, Paulo Masci de
Abreu – irmão do presidente nacional do PTN José Masci de Abreu -, seria apenas
um sócio minoritário do Saint Peter. Ele tem uma cota no valor de R$ 1, de
acordo com o contrato social da empresa. Outras cotas, no valor de R$ 499 mil,
pertencem à uma empresa estrangeira, chamada Truston International Inc, que
fica no Panamá. O presidente da Truston, por sua vez, é Jose Eugenio Silva
Ritter, que mora em uma área pobre do Panamá e trabalha como auxiliar em um
escritório de advocacia. O episódio foi suficiente para levantar suspeitas
sobre os motivos da contratação de José Dirceu.
“Ele tem o
direito a trabalhar, uma vez atendidas as condições legais, assim como tem o
direito a ficar detido em um estabelecimento com condições dignas de higiene e
segurança. Não se busca nenhum privilégio, apenas o cumprimento da lei. Mas
José Dirceu não considera justo que outras pessoas, transformadas em alvo de
ódio e perseguição exclusivamente por um gesto de generosidade, estejam
obrigadas a partilhar da sanha persecutória que se abate contra ele”,
acrescentam os advogados.
Nesta
quinta-feira, Dirceu recebeu outra proposta de emprego, desta vez de uma
cooperativa de presidiários. A vaga seria de administrador da parte de
fabricação de artefatos de concreto da Cooperativa Sonho de Liberdade. O
ex-ministro teria uma remuneração de 75% do valor do salário mínimo, o que
daria R$ 508,50. A oferta foi protocolada na VEP e no STF, mas os advogados de
Dirceu não comentaram sobre a proposta.
Fonte: Terra
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