sexta-feira, 18 de julho de 2014

PRÊMIOS LITERÁRIOS À PROCURA DE AUTORES


Por: Yuno Silva

A atual safra de prêmios literários está generosa com os autores potiguares, e interessados em ter o nome estampado na capa de um livro (impresso, diga-se de passagem) podem escolher entre – pelo menos – meia dúzia de opções. Alguns se propõem ao recorte municipal, outro é dedicado a estudantes dos ensinos médio e fundamental, mas há os de abrangência regional e nacional. Todos os estilos serão contemplados: poesia, prosa, ensaios, quadrinhos e cordel; e cada concurso possui características próprias, com premiação (ou não) em dinheiro. Em comum, o ineditismo dos textos.

O Projeto Rota Batida, promovido pela Fundação Vingt-Un Rosado, irá selecionar 10 novos títulos de autores de todo o RN, em cinco categorias, que serão somados à tradicional Coleção Mossoroense, com inscrições abertas até o dia 30 de julho. Os dois autores premiados em cada categoria (poesia, contos, crônicas, romance e trabalhos acadêmicos) recebem 200 cópias da tiragem total de 500 exemplares, mais suporte para promoção do lançamento.

Já a Fundação Capitania das Artes publicou na edição desta sexta, no Diário Oficial, três editais de âmbito municipal: foi republicada as regras dos prêmios Othoniel Menezes (poesia), Câmara Cascudo (ensaio etnográfico) e Moacy Cirne (ensaio literário), estes com inscrição até 19 de agosto e total de prêmios de R$ 24 mil. E apresentado os inéditos voltados para Cordel e Quadrinhos. Todas as iniciativas da Funcarte incluem publicação das obras.

O concurso para Literatura de Cordel foi dividido nas categorias “Criação e Produção Literária de Cordel”, “Pesquisa e Trabalhos Educacionais” e “Iniciativas de Valorização” - inscrições até 18 de agosto e premiação total de R$ 120 mil; e o “Moacy Cirne de Histórias em Quadrinhos”, com inscrições até 25 de agosto e investimento de R$ 50 mil.

O escritor e pesquisador Luís da Câmara Cascudo ainda empresta o nome para outros dois prêmios: de abrangência nacional, o concurso organizado pela Global Editora em parceria com o Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo festeja os 60 anos de publicação do “Dicionário do Folclore Brasileiro” e lança premiação para o melhor trabalho dentro do tema “A cultura popular na obra de Câmara Cascudo”. As inscrições seguem até 30 de dezembro e o prêmio é de R$ 6 mil mais publicação.

Enquanto a Academia Norte-Rio-grandense de Letras recebe até 15 de setembro inscrições de estudantes para o Prêmio Literário Câmara Cascudo e a Identidade Nacional, cujo prêmio de R$ 5 mil para o vencedor será dividido entre aluno e professor.

Momento antagônico
“Embora o nome da coleção remeta a Mossoró, publicamos o que nos chega. Avaliamos a qualidade do texto, a relevância do autor e/ou identificamos um novo talento”, avisou Dix-Sept Rosado Sobrinho, diretor executivo da Fundação Vingt-Un Rosado. Ela explica que, “apesar do foco regionalista se sobressair” a temática é variada. As inscrições seguem até o próximo dia 31 de julho, com anúncio do resultado previsto para 10 de setembro.

“A Coleção Mossoroense vive um momento antagônico”, informa Caio César Muniz, editor da Coleção, “em meio a crise financeira da Fundação, agravada a partir de 2012, estamos lançando o maior prêmio do RN”.

De acordo com Caio e Dix-Sept Rosado, a situação da entidade mossoroense é complicada, mas há conversas em curso para possível formalização de um convênio com a Prefeitura da capital do Oeste até o final deste ano que pode trazer um pouco de tranquilidade para manter o acervo e realizar novas ações.

Criada em 1948, pelo agrônomo Jerônimo Vingt-Un Rosado Maia (1920-2005), a Coleção Mossoroense possui um catálogo com mais de 4,5 mil títulos publicados – sendo cerca de 1 mil livros e o restante dividido entre plaquetes e folhetos de cordel. O projeto conta com patrocínio do Governo do RN, através da Lei Câmara Cascudo, Cosern e Petrobras. Os diretores da Fundação Vingt-Un Rosado adiantaram que em um mês o site da instituição voltará a funcionar para aquisição de títulos, e “em breve disponibilizaremos 150 obras digitalizadas, do Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria, que abordam temas ligados ao assunto ‘seca’”, ressaltou o editor Caio Muniz.

Republicação de editais
A dinâmica do mercado literário mudou ao longo das últimas duas décadas com o advento da internet, e o interesse pelos prêmios literários também; tanto que a baixa procura pelos editais fizeram a Funcarte esticar o prazo para inscrição. “Acredito que há uma descrença dos artistas no que diz respeito aos editais públicos, o passado recente contribuiu para isso”, justificou Dácio Galvão, presidente da Funcarte. “Mas ao mesmo tempo acredito ser uma página virada, pois todos os editais que lançamos do ano passado para cá estão em dia”, emenda o gestor.

Segundo Dácio, as principais novidade deste ano é a garantia da publicação das obras e a inclusão de categorias ensaísticas “para atender uma demanda latente”. Ele adianta que, para 2015, a proposta é ampliar os prêmios, “dentro das nossas limitações orçamentárias”, para acomodar romances e outras vertentes da ficção, que acabou ficando de fora na atual versão. Sobre a criação de uma categoria específica para e-books, Galvão é franco ao dizer que “essa ideia ainda não tinha sido pensada, mas já assumo esse compromisso de considerar essa possibilidade”.


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