O juiz da 7ª Vara Cível de Aracaju, Aldo Albuquerque, manteve a decisão de impedir o lançamento do livro Lampião Mata Sete, que sustenta que Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, era gay. No final de novembro, Aldo expediu uma liminar suspendendo o lançamento, que ocorreria em uma livraria de Aracaju, em virtude de uma ação movida por Expedita Ferreira, filha do cangaceiro.
O autor do livro, o juiz aposentado Pedro de Morais, pretende recorrer da decisão junto ao Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ-SE). Ele tem 15 dias para realizar o procedimento legal. Caso não tenha sucesso e o livro continue sendo censurado pela Justiça, ele disse que vai jogar os 1.000 exemplares que lhe restam no Rio Sergipe.
O juiz Aldo Albuquerque, que não leu o livro, disse que se baseou na Constituição Federal para impedir o lançamento. "A Constituição protege a inviolabilidade da individualidade das pessoas", explicou ele, que escreveu 25 laudas para justificar sua decisão. Para Aldo, se o livro versasse apenas sobre os crimes cometidos por Lampião, esse seria um fato público, mas, quando trata da sexualidade do cangaceiro, entra em esfera particular.
"O Aldo é um preconceituoso", disparou o autor do livro. Sobre essa crítica e as que poderão surgir em virtude da decisão, o juiz afirma que um magistrado deve agir sem se preocupar com o que irão dizer, preservando a Constituição Federal.
No dia 6 de novembro do ano passado, Pedro de Morais participou da Segunda Bienal do Livro de Salvador e vendeu o 1.000 exemplares, metade da tiragem da obra, que seria lançada dias depois.
(Com Agência Estado)
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