Em um dos
capítulos mais lamentáveis dos últimos anos no futebol brasileiro, a partida
entre Atlético-PR e Vasco, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro
de 2013, na Arena Joinville, foi tragicamente marcada pela violência. A
expressiva vitória atleticana por 5 a 1, que garantiu a vaga na Copa
Libertadores da América e confirmou o rebaixamento do adversário para a Série
B, ficou marcada mais por suas cenas de selvageria do que por sua importância
para a competição.
O
Atlético-PR vencia por 1 a 0 dentro das quatro linhas, mas fora delas o esporte
foi trocado por uma verdadeira batalha campal a partir dos 14 minutos, com
direito a helicóptero pousando no gramado para atendimento de feridos. Após
mais de uma hora de paralisação e muita pressão, a bola voltou a rolar. Ainda
no primeiro tempo, Edmílson, no susto, empatou para o Vasco aos 40 minutos.
Quatro minutos depois, Ederson fez seu 19º gol no Brasileirão.
Depois do
intervalo, Paulo Baier, que participou de três gols, lançou Ederson, com calma
para servir Marcelo, que dominou e com categoria chutou para fazer o terceiro,
aos 18 minutos. Aos 36 e aos 40, Ederson fechou a contagem, garantindo a
terceira colocação, com 64 pontos e o 20º gol na artilharia.
Gol e selvageria
Precisando
fazer sua parte, a equipe alvinegra não se intimidou e começou no ataque. Aos
dois minutos, após cobrança de escanteio, Manoel se antecipou a Cris e evitou a
cabeçada do zagueiro. Mas, em seu primeiro ataque mais contundente, o
Rubro-Negro abriu o placar. Paulo Baier levantou em cobrança de falta, Manoel
desviou, e a bola morreu no fundo das redes. Atrás no placar, os cariocas
tentavam se recompor em campo.
Tecnicamente,
o jogo era fraco, com muitos erros de passe. Aos 14 minutos, Baier tentou
repetir a dose, desta vez levantando para Luiz Alberto, mas a defesa estava
atenta. Nas arquibancadas, os torcedores das duas equipes se digladiavam em
cenas lamentáveis. O árbitro paralisou a partida, com torcedores entrando em
campo para escapar da confusão. Após uma demora inaceitável, a polícia
interveio com bombas e balas de borracha.
Desesperados,
jogadores dos dois times tentavam socorrer torcedores, alguns ensanguentados e
desacordados, e pedir calma para os que entravam em campo e aos que permaneciam
sem saber o que fazer nas arquibancadas. O zagueiro Luiz Alberto, chorando,
afirmou ter presenciado cenas de espancamento. “A gente estava tentando tirar
os torcedores, vendo um rapaz deitado, tomando chute, levando golpe de madeira.
É um ser humano. A gente pedia para eles pararem, e eles não nos
escutavam", contou.
Enquanto a
torcida do Vasco gritava por vergonha, a Polícia Militar se isentava de
responsabilidade, sem se entender com a segurança privada na busca por
explicações. Jogadores se mostravam chocados, alguns chorosos, e o técnico
Vagner Mancini relatava que não havia clima para jogo. “Não sou eu que mando. A
vontade e de sair e ir para casa. Se mandarem jogar, temos que jogar, pois
somos funcionários. É lamentável. Já estamos jogando aqui porque houve briga
diante do Goiás”, disse.
A diretoria
do Vasco, através do vice-presidente Antônio Peralta, tentou pressionar a
arbitragem para decretar o adiamento da partida, mas terminou batendo boca com
o diretor de futebol atleticano, Antônio Lopes. O presidente do Vasco, Roberto
Dinamite contou que antes do jogo protestou contra a presença de seguranças
particulares como responsáveis para conter problemas. “Não estamos pensando em
rebaixamento, mas em vidas. Quando chegamos, foi falado que não teria segurança
da Polícia Militar. E vocês viram o que aconteceu. Como vai garantir alguma
coisa com isso aí?”, indagou.
Sem clima, a bola rolou
“É uma
temeridade. Não há policiamento para seguram nem um lado nem o outro. Mas, não
posso tirar meu jogador de campo, senão sou punido. Teve uma morte e dois em
coma, posso confirmar porque quem atendeu no helicóptero era médico do Vasco”,
alardeou o presidente Dinamite (informação que não viria a se confirmar).
Porém, a bola rolou. O Vasco tinha maior posse de bola, mas o ritmo, que já não
era dos melhores, caiu ainda mais. Aos 25 minutos, Fagner lançou em
profundidade e Weverton deixou a meta para defender.
Em seu
primeiro ataque após a confusão, Paulo Baier serviu Ederson, que bateu cruzado
para boa defesa de Alessandro. Na resposta, aos 31 minutos, o goleiro
rubro-negro deu rebote e Renato Silva testou para fora. Na cara do gol, o
artilheiro Ederson chutou e parou em Alessandro. Mas aos 40 minutos, Yotún foi
à linha de fundo, cruzou e Weverton espalmou, mas sobre Edmilson que, no susto,
decretou o empate. A comemoração durou pouco. Aos 44 minutos, Ederson desviou e
aproveitou falha de Alessandro para fazer o segundo.
Para a
segunda etapa, o Vasco retornou com Bernardo no lugar de Wendel. Aos dois
minutos, Cris cruzou fechado, e Manoel afastou o perigo de cabeça. O troco veio
com Marcelo, que aos cinco minutos invadiu a área e parou o goleiro Alessandro.
O segundo tempo era marcado por muita marcação e poucas oportunidades de gol.
Aos 14 minutos, Marlone soltou a bomba, e Weverton espalmou para salvar.
O
Rubro-Negro voltou a aparecer aos 17 minutos, com Luiz Alberto, que desviou
passe de Paulo Baier de calcanhar, mas errou o alvo. Mas, aos 18 minutos,
Marcelo recebeu de Ederson, dominou e com muita categoria chutou para marcar o
terceiro e dar tranquilidade para administrar. Aos 30 minutos, Alessandro deu
rebote em chute de Ederson e Everton arrematou em cima da defesa.
O Atlético
administrava bem o resultado e a torcida ovacionava cada jogador substituído.
Aos 33 minutos, Ederson tentou o voleio e Alessandro salvou. No rebote, Ederson
fuzilou e o goleiro defendeu. Mas, aos 36 minutos não teve jeito. Felipe
cruzou, ninguém afastou e Ederson apareceu para fazer o 20º gol na artilharia.
Aos 40 minutos, Éderson fechou a goleada, sem brilho, de um jogo marcado pela
tragédia. O Atlético Paranaense está na Libertadores da América 2014. O Vasco
da Gama está de volta à Série B.
FONTE: Gazeta Esportiva
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