O caso do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, chama atenção pela desenvoltura, mas o fato é que o nepotismo, nossa palavra da semana, está tão entranhado na política brasileira que, mesmo ilegal, aguarda transformações culturais mais profundas para poder ser combatido com eficiência.
A palavra existe em português desde o século 18, o que significa dizer que por muito tempo a prática vicejou sem nome por todos os cantos da maior das colônias portuguesas, impulsionada pelo escravagismo, pelo patrimonialismo e pelo predomínio da ética do favor sobre a ética do trabalho. Descende – provavelmente após uma tabelinha com o termo francês nepotisme (1653), que por sua vez tinha ido buscá-lo no italiano nepotismo – do latim nepos, nepotis, um vocábulo que guarda certa margem de ambiguidade: pode significar tanto “sobrinho” quanto “neto”.
De todo modo, historicamente, nepotismo surgiu na língua italiana para designar o regime de privilégios usufruído na hierarquia da Igreja Católica pelos sobrinhos de certos papas – sobrinhos e não netos, porque, pelo menos teoricamente, papas não deviam tê-los. No início do século 19, a palavra já era empregada em sentido mais amplo, para denunciar o favorecimento a parentes de poderosos fora da Igreja também.
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