O anúncio da Coreia do Norte de que em abril lançará um foguete para instalar um satélite em órbita provocou nesta sexta-feira um alarme internacional. Apesar de Pyongyang afirmar que o seu objetivo é civil, Coreia dos Sul, Estados Unidos e Japão consideram o projeto um teste encoberto de míssil balístico, em aberta violação das resoluções da ONU.
"Um lançamento de um míssil dessas características seria uma ameaça para a segurança regional e seria inconsistente com o compromisso norte-coreano para se abster de lançamentos de projéteis de longo alcance", disse a Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, em um comunicado. "Pedimos à Coreia do Norte que se atenha a suas obrigações internacionais, incluindo as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Estamos em consultas com nossos parceiros internacionais para determinar os próximos passos", afirmou Hillary.
A Secretária de Estado considerou 'sem espaço para dúvidas' que esse lançamento viola as resoluções 1718 e 1874 das Nações Unidas, nas quais o regime de Pyongyang está proibido de desenvolver o 'uso de sua tecnologia de mísseis balísticos'.
Ásia - A Coreia do Sul também afirmou que o anunciado lançamento de um foguete norte-coreano violaria as resoluções da ONU e seria considerado uma 'grave provocação', enquanto o Japão pediu o cancelamento do projeto. Seul exigiu que o vizinho norte-coreano "interrompa imediatamente essa provocação e acate suas obrigações internacionais".
Para o Japão, independentemente de ser um satélite ou um míssil balístico, o anúncio representa uma "violação das resoluções do Conselho de Segurança". O país pediu moderação a Pyongyang. A China, principal suporte econômico da Coreia do Norte, pediu a todas as partes um "papel construtivo" na manutenção da paz regional.
Plano - A operação está prevista para entre 12 e 16 de abril, para comemorar o centenário de nascimento do fundador da Coreia do Norte, Kim Il-Sung. Um foguete Unha-3 lançará o satélite de observação terrestre norte-coreano Kwangmyongsong-3, segundo a agência oficial KCNA, alegado que os equipamentos são necessários para o desenvolvimento econômico do país e fazem parte das 'atividades pacíficas espaciais'.
A Coreia do Norte utilizou argumento semelhante quando lançou um "satélite" no dia 5 de abril de 2009, provocando a condenação do Conselho de Segurança da ONU e um reforço das sanções contra Pyongyang. Na ocasião, um foguete norte-coreano sobrevoou o território japonês e caiu no Oceano Pacífico. Tóquio, com apoio de Washington e Seul, denunciou na época um teste de míssil de longo alcance.
Diplomacia - A reação levou a Coreia do Norte a abandonar, em sinal de protesto, as negociações de desarmamento nuclear entre seis países (Estados Unidos, Rússia, China, Coreia do Norte, Coreia do Sul e Japão) e a executar um segundo teste nuclear no mês seguinte. Porém, em 29 de fevereiro Pyongyang e Washington surpreenderam o mundo ao anunciar um acordo, o que criou expectativas de apaziguamento das tensões regionaisapós a chegada ao poder de Kim Jong-un, terceiro representante da dinastia comunista dos Kim que comanda a Coreia do Norte desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
(Com agência France-Presse)
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