Faleceu na
tarde desta quarta-feira, o ex-lateral esquerdo do Botafogo e seleção
brasileira Nilton Santos. O ex-atleta estava internado desde o último sábado,
dia 23, com insuficiência respiratória. Com 88 anos, o ídolo do clube alvinegro
sofria do Mal de Alzheimer há cincos e vivia em uma casa de repouso, no Rio de
Janeiro.
Nilton
Santos é um dos maiores jogadores da história do futebol. Apelidado de
‘Enciclopédia do futebol', pelo seu vasto conhecimento no esporte, foi eleito o
lateral esquerdo da Seleção Mundial do Século, em Paris, no ano de 1998. Um dos
motivos foi por ter revolucionado a posição que, até então, era considerada
apenas defensiva. O brasileiro inovou com o forte poder ofensivo e chegada nas
linhas de fundo.
Perguntado
certa vez, já aposentado, se tinha inveja da quantidade de dinheiro arrecadada
pelos jogadores no futebol atual, ele brincou: "Não tenho inveja do
dinheiro que ganham. Tenho inveja da liberdade que eles têm para atacar",
disse Nilton.
Nascido no
Rio de Janeiro, em 16 de maio de 1925, Nilton Santos defendeu apenas duas
camisas na carreira: a do Botafogo e a da seleção brasileira. Pelo clube de
General Severiano, foram 16 anos, 20 títulos, com 718 jogos, se tornando o
atleta que mais vezes vestiu o manto da equipe alvinegra. Sua estreia aconteceu
no dia 21 de março de 1948, em derrota para o América-MG por 2 a 1. Contudo,
naquele mesmo ano, Nilton Santos seria campeão carioca, algo que o Botafogo não
conquistava de 1935.
A ginga do
futebol aprendeu nas areias das praias cariocas, berço de boa parte dos craques
brasileiros. Quando cumpria serviço militar, ainda garoto, foi visto por um
oficial da Aeronáutica. Não deu outra. Levado para o Botafogo em 1948, de onde
só saiu 1964.
Fidalgo,
virou referência nas paredes do clube. A Enciclopédia, o seu Nilton. Corre a
lenda pelas ruas de Botafogo que foi ele o responsável pela indicação da
contratação de um tal de Mané Garrincha. Em um treino do Botafogo na década de
50, Nilton teria levado um drible de Mané por entre as pernas. Impressionado,
recomendou a contratação do garoto, de quem seria companheiro de seleção
brasileira, para não ter mais de sofrer para marcá-lo.
A despedida,
em partidas oficiais, foi em 13 de dezembro de 1964 contra o Flamengo. Após ser
homenageado pelo rival, Nilton encerrou a carreira com vitória sobre o
adversário, por 1 a 0. A despedida em definitivo dos gramados ocorreu três dias
depois, em amistoso contra o Bahia.
A primeira
convocação para a seleção brasileira foi em 1949 para a disputa do Sul
Americano. Nilton participou das Copas de 1950, 1954, 1958 e 1962, sendo peça
importante na campanha vitoriosa nos dois últimos mundiais. Com a camisa
amarela, foram 82 jogos, 16 títulos e quatro gols. O tento mais marcante foi
contra a Áustria, na Suécia. O lateral conduziu a bola do campo de defesa até o
ataque, driblando os marcadores, anotando um golaço.
Além disso,
ficou famoso com a camisa verde e amarela na Copa de 62 por um episódio em que
utilizou a malandragem para ajudar o Brasil.
Em partida
decisiva contra a Espanha, Nilton Santos cometeu um pênalti sobre o adversário.
Valendo-se da distância do árbitro do jogo do lance, Nilton deu dois passos
para frente e saiu da área. O pênalti virou falta, o Brasil venceu a peleja, de
virada, por 2 a 1 e avançou no Mundial.
PAULO VINÍCIUS COELHO
Luto! Nilton
Santos se foi!
Em 2000, em
eleição realizada pela Fifa, Nilton Santos foi classificado como o maior
lateral-esquerdo de todos os tempos, título que já carregava nas arquibancadas
de General Severiano.
Após
pendurar as chuteiras, o ‘Enciclopédia do Futebol' teve uma curta carreira como
treinador. Passou por cinco equipes pequenas (Galícia e Vitória da Bahia,
Bonsucesso, São Paulo do Rio Grande do Sul e Taguatinga de Brasília), mas logo
desistiu da vida como comandante.
GALERIA
Sempre muito
ligado ao Botafogo, Nilton Santos não cansou de ser reverenciado pela torcida
do clube. Por vezes compareceu em vestiários para fazer a preleção, sempre
destacando o amor pelo clube. Por vezes foi convocado para ser o chefe da
delegação alvinegra em viagens. Na última vez, em 2005, recusou a viagem para o
Chile, garantindo sofrer de um problema dentário.
No mesmo
ano, foi homenageado no palacete de General Severiano pelo aniversário de 80
anos. Reverenciado pelas mais diversas gerações, ganhou uma versão comemorativa
de sua camisa e permaneceu sentado em uma cadeira, hora após hora, assinando
camisas e posando para autógrafos.
Em 2008,
Nilton Santos descobriu que sofria do Mal de Alzheimer. Com dificuldades
financeiras, foi criado pela Comunidade Botafoguense o Fundo De Apoio Nilton
Santos, movimento financeiro para a família do ídolo alvinegro.
Desde a
descoberta da doença, o bicampeão mundial vivia em uma clínica de repouso na
Gávea, zona sul do Rio de Janeiro.
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