A polícia
ainda investiga quem vazou as imagens de duas meninas que se suicidaram
recentemente após serem expostas na internet
O “revenge
porn” –vingança pornô, em inglês–, prática até então conhecida dos brasileiros
por notícias de países como Estados Unidos, chegou de vez ao Brasil. E já pode
ter feito vítimas.
Vídeos e
fotos sensuais gravados na intimidade do casal são compartilhados na internet
para causar humilhação pública a uma das partes. Assim, as vítimas são expostas
ao linchamento moral dentro e fora das redes, e os agressores ficam preservados
pelo anonimato virtual.
Pesquisa
ainda inédita da ONG Safernet, realizada com quase 3.000 pessoas de 9 a 23
anos, mostra que 20% já receberam textos ou imagens eróticas de amigos e
conhecidos e 6% já repassaram esse tipo de conteúdo –a maioria o fez mais de
cinco vezes.
Uma vez que
ocorre o vazamento desse conteúdo, é quase impossível parar sua propagação, diz
o presidente da Safernet Brasil, Thiago Tavares.
“Quando cai
na rede é impossível controlar. Há sites que são especializados em divulgar
esse tipo de conteúdo. Em minutos, milhares de pessoas têm acesso, salvam e
compartilham”, explica.
O “revenge
porn” é um desdobramento de uma prática muito comum entre adolescentes e que
também tem origem nos Estados Unidos –o “sexting”. A troca de conteúdo erótico
por celular ou na internet tem como principais vítimas mulheres jovens.
VÍTIMAS
A polícia
ainda investiga quem vazou as imagens de duas meninas que se suicidaram
recentemente após serem expostas na internet.
Giana Fabi,
16, de Veranópolis (RS), teve uma foto sua seminua, tirada por um amigo,
compartilhada nas redes sociais. Júlia dos Santos, 17, de Parnaíba (PI),
apareceu em um vídeo de sexo com outro casal que foi compartilhado pelo
aplicativo Whatsapp.
Não demorou
para o conteúdo estar em sites especializados em divulgar vídeos íntimos que
caíram na rede.
Um deles,
brasileiro, anunciava o vídeo de Júlia no Twitter até o dia 14 de novembro.
Após as notícias do suicídio da garota, foi retirado.
Mas já era
tarde. A gravação ainda é encontrada na maior plataforma de vídeos eróticos
caseiros do mundo, que figura entre os 20 sites mais acessados do país. Assim,
o “revenge porn” acaba contribuindo para outro crime: a pornografia infantil.
Na 4ª
Delegacia de Repressão à Pedofilia de São Paulo, um em cada sete casos
investigados envolvem a divulgação de fotos e vídeos de adolescentes nas redes
sociais.
(**) Fonte: Folha de SP
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