Objetivo é
diminuir os custos das campanhas e garantir mais condições de igualdade na
disputa eleitoral entre os candidatos.
O Plenário
do Senado aprovou em votação simbólica a minirreforma eleitoral, com medidas
que, de acordo com seu autor, senador Romero Jucá (PMDB-RR), têm por objetivo
diminuir os custos das campanhas e garantir mais condições de igualdade na
disputa eleitoral entre os candidatos. A matéria segue para sanção
presidencial. Segundo afirmou Jucá, as mudanças serão válidas já para as
eleições de 2014.
"A
minirreforma eleitoral vale para 2014, porque não muda regras de eleição,
mudamos apenas regras administrativas e procedimentais, que criam procedimentos
de fiscalização, de transparência, de gasto. Não há nenhuma mudança que impacte
o direito de cada um de disputar eleição", afirmou Jucá.
O PLS 441/12
foi aprovado no Senado em setembro, mas voltou à análise da Casa porque a
Câmara fez alterações ao texto do relator, senador Valdir Raupp (PMDB-RO).
Principais
mudanças da minirreforma
Uma das
mudanças eleitorais foi a inclusão da proibição de uso de bonecos gigantes,
comuns em época de eleição. Os deputados mantiveram na minirreforma a proibição
de propagandas como cartazes, placas, muros pintados em bens particulares. Mas
ficam permitidos adesivos com tamanho máximo de 40 por 50 centímetros.
O texto
aprovado proíbe, em vias públicas, propagandas eleitorais em cavaletes e
cartazes. Nas vias públicas, será permitido o uso de bandeiras e de mesas para
distribuição de material, contanto que não dificultem o trânsito de pessoas e
veículos. A proposta também proíbe a substituição de candidatos a menos de 20
dias das eleições e obriga a publicação de atas de convenções partidárias na
internet em até 24 horas.
Para o
presidente do Senado, Renan Calheiros, a minirreforma vai reduzir de maneira
significativa os gastos nas campanhas eleitorais.
"Como
todos sabem, a eleição no Brasil é das mais caras do mundo", disse Renan
Calheiros.
Os senadores
decidiram recolocar no texto o limite de contratação de cabos eleitorais.
Agora, a contratação de cabos eleitorais fica limitada a 1% do eleitorado em
municípios com até 30 mil eleitores. Acima disso, será possível contratar uma
pessoa a cada mil eleitores a mais.
O texto
aprovado nesta quarta-feira (20) não altera a proibição de doações a candidatos
por parte de concessionárias e permissionárias de serviços públicos. Essa
proibição já é prevista na Lei 9.504/1997 e a parte que flexibilizava essa
proibição foi retirada do texto final.
FINANCIAMENTO PÚBLICO EXCLUSIVO
Vários
senadores criticaram que a minirreforma deixou de fora pontos importantes como
o financiamento público exclusivo de campanha. Outros também levantaram dúvidas
sobre a aplicação das novas regras já nas eleições de 2014. Mas o senador Jucá
garantiu que as modificações valerão já para as eleições do ano que vem.
O maior
crítico da minirreforma foi o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Para ele, o texto aprovado “não contribui em
nada para o aperfeiçoamento nem para a democratização do debate eleitoral”.
"Nós
somos um minicongresso, por acaso, para estar aprovando minirreformas? Por que
é que a gente nunca faz uma reforma para valer? Essa minirreforma nada mais é
do que um esquema para proteger donos de rádio e de televisão", afirmou
Mozarildo.
O senador
Wellington Dias (PT-PI) concordou com as críticas de Mozarildo.
Já o senador
Mário Couto (PSDB-PA) afirmou que a minirreforma “é um avanço substancial na
democracia e na liberdade das eleições brasileiras”. Ele ponderou que o melhor
seria “uma ampla reforma eleitoral”, mas que as mudanças aprovadas nesta
quarta-feira (20) dará sim mais condição de igualdade aos candidatos nas
campanhas eleitorais.
O senador
Inácio Arruda (PCdoB-CE) foi um dos que reclamaram de o Congresso não ter
conseguido consenso para aprovação do financiamento público exclusivo das
campanhas, o que, para ele, modificaria
de maneira realmente profunda a influência do poder econômico nas eleições.
Na mesma
linha, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) também lamentou que o
financiamento público exclusivo das campanhas não vigore no Brasil.
"Não é
uma reforma que muda as estruturas do sistema eleitoral e do sistema político.
Isso só vai acontecer com o financiamento público de campanhas. Hoje, grandes
conglomerados financeiros e econômicos desequilibram as campanhas e o processo
eleitoral", disse Randolfe.
ELEIÇÕES DE 2014
Também o
senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também fez duras críticas ao alcance
limitado das alterações. Ele colocou em dúvida se todas as mudanças realmente
poderão valer para as eleições de 2014. "Perdemos a oportunidade de fazer
mudanças mais significativas, na verdade é uma ‘nanorreforma’ eleitoral. Vai
criar mais confusão que esclarecimento. Vai acabar ficando pro TSE
decidir", disse.
Para o
senador José Agripino (DEM-RN), o limite à contratação de cabos eleitorais é
moralizadora do processo eleitoral, pois acabará com a “prática de compra de
votos disfarçada de forma escrachada”. "Há candidatos que contratam 40 mil
bocas de urna no dia da votação, na verdade são votos comprados", disse.
Depois da
aprovação do projeto, Jucá afirmou que as mudanças vão baratear e dar mais
transparência às campanhas.
"Estamos
criando padrões de gastos para que os tribunais eleitorais e o Ministério
Público possam fiscalizar a eleição e possa ter mais equidade nas eleições. São
medidas salutares que criam mais transparência no processo eleitoral",
afirmou Jucá.
O senador
Benedito de Lira (PP-AL) afirmou que o Senado estava aprovando “um arremedo de
última hora para dar satisfação à sociedade”. "Eu lamento profundamente
que nós hoje estejamos reunidos para tratar desta matéria, que não traz
eficácia nenhuma para as eleições de 2014", opinou.
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