O ator
Vinícius Romão, que atuou na novela Lado a Lado, da Globo, ao lado de Lázaro
Ramos, pode estar sendo vítima de uma prisão ilegal. Levado pela polícia como
suposto assaltante de uma funcionária de hospital, as câmeras dos prédios da
rua onde o assalto ocorreu revelam que o verdadeiro ladrão só tinha em comum
com Vinícius o fato de ser negro e usar cabelo tipo black power. Instruída, a
vítima do assalto o reconheceu como o homem que a havia assaltado minutos
antes. O jovem ator está preso e incomunicável numa prisão em São Gonçalo.
Vinícius havia deixado o trabalho no Norte Shopping minutos antes de ser
abordado pelos PMs, obrigado a deitar de bruços e ser colocado em um camburão
da PM. Saiba mais.
O testemunho
extraoficial da mulher está mantendo há seis dias o ator e psicólogo Vinícius
Romão, de 26 anos, na prisão. O verdadeiro ladrão, Segundo revelam testemunhas
que viram as imagens de câmeras dos prédios da Rua Amaro Cavalcante, do Méier,
era também negro, mesma estatura, mas vestia bermuda - Vinícius estava com uma
calça comprida preta. Além disso, na hora do ataque à senhora estava sem
camisa. Vinícius trajava uma camiseta também preta.
Segundo revelaram
amigos nas redes sociais, a polícia não teria dado a Vinícius o direito de
telefonar para um parente ou advogado. Para estes amigos, que colocaram faixas
denunciando o caso, além da confusão forçada pela pressão exercida pelos PMs
para que a vítima fizesse o reconhecimento, haveria também um componente
explícito de preconceito racial.
O assalto
O caso
ocorreu na segunda-feira, dia 17 de fevereiro. Como fazia diariamente ao sair
do trabalho às 22 horas, Vinícius seguia pela rua Amaro Cavalcante, no Méier,
quando foi abordado por uma viatura do 3º Batalhão da PMERJ (Méier). Os
"militares", sem maiores explicações, desceram armados do carro e
mandaram o jovem parar e se deitar de bruços.
Pelo diálogo
dos policiais, Vinícius entendeu o que se passava: ele tinha as mesmas
características físicas de um suposto ladrão que havia atacado uma mulher: era
negro, usava bermuda e tinha o cabelo black power. Levada até o local onde
Vinícius havia sido rendido, a mulher, chorando muito, confirmou que Vinícius seria
o ladrão. Nenhum objeto pessoal da mulher foi encontrado com Vinícius.
Os policiais
encaminharam o funcionário da Toulon para a 25ª DP (Engenho Novo), onde foi
feito um novo "reconhecimento" pela suposta vítima, que trabalha de
copeira no Hospital Pasteur. Esse reconhecimento entre acusado e vítima,
Segundo revelaram testemunhas, teria sido feito de maneira informal, com a
vítima sob pressão emocional e psicológica. Os PMs gritavam para que ela o
reconhecesse sem medo.
Sem que lhe
fossem dadas as garantias constitucionais de telefonar para algum parente ou
advogado, Vinicius foi imediatamente encarcerado, e posteriormente levado para
a casa de detenção Patrícia Acioli, em São Gonçalo, na Região Metropolitana de
São Gonçalo. Ele está impedido de receber visitas e não conseguiu, devido a
incomunicabilidade, constituir sua defesa contratando advogado ou recebendo do
Estado um defensor público. Pior ainda, poderá ser transferido a qualquer
momento para outros presídios do Estado. Na Toulon, onde trabalha, os
funcionários confirmam seu horário de saída. No entanto, as faltas
contabilizadas podem resultar em demissão por justa causa.
Câmeras dos
prédios nas proximidades do assalto mostram que o ladrão era outro, de bermuda
com outro modelo e sem camisa. Ao deixar o trabalho no Norte Shopping, Vinícius
vestia uma calça e camisa pretas. Para seus amigos, o ataque de suspeição
imposto a Vinícius "é o retrato de uma sociedade racista".
Lado a Lado
Bonito e de
boa estatura, Vinícius sempre quis estudar psicologia. Filho de um oficial do
Exército que o queria nas Forças Armadas, ele relutou até fazer a faculdade dos
seus sonhos: Psicologia. Sua ida para a TV Globo ocorreu por acaso quando a
produção de Lado a Lado passou a procurar jovens negros para contracenar com
Lázaro Ramos. Apesar da experiência na TV, Vinícius estava ainda disposto a
levar como profissão a carreira de psicólogo.
Curiosamente,
a novela Lado a Lado, que teve Lázaro Ramos e Camila Pitanga como
protagonistas, falava de escravidão e preconceito racial. Vencedora do prêmio
Emmy, a trama não teve muita audiência, mas foi muito elogiada pela crítica.
Marjorie Estiano, a mocinha branca da novela, era uma militante que lutava pela
Justiça Social e pelo direito dos negros.
(***) FONTE: Conexão Jornalismo
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