sábado, 23 de novembro de 2013

ANIVERSÁRIO DO CLOWNS DE SHAKESPEARE TERÁ PEÇA DE LUIGI PIRANDELLO


Você tem o final de semana para adiantar afazeres que possam tumultuar seu expediente da segunda-feira (25). Neste dia que inicia a semana prática, faça tudo o que puder para sair cedo do trabalho, por que às 20h, no Anfiteatro da UFRN, com entrada gratuita, está anunciada uma peça teatral com grande êxito de crítica e público. “Os Gigantes da Montanha”, encenada pelo Grupo Galpão, com direção de Gabriel Villela, chegou a atrair dez mil espectadores em uma única apresentação, o que atesta a força do texto de Luigi Pirandello, escrito em 1934 pelo italiano vencedor do Nobel de Literatura. Parte do festival O Mundo Inteiro é Um Palco, que comemora 20 anos dos potiguares do Clowns de Shakespeare, a obra marca o reencontro do diretor com os atores (todos mineiros), após quase duas décadas de afastamento – trabalhos anteriores, como “Rua da Amargura” (1994) e, sobretudo, “Romeu e Julieta” (1992) foram consagradores; esta última foi vista ano passado no mítico Globe Theater, palco do próprio dramaturgo britânico, em Londres.

O espetáculo estreou em junho, em Belo Horizonte, e traz em seu enredo toques surrais para contar a chegada de uma companhia decadente, endividada, a um vilarejo isolado do mundo, governado pelo mago Cotrone. Obcecada em montar a fábula do filho trocado, a atriz e condessa Ilse insiste em ficar no rincão, representando apenas para si mesmos. Cotrone, então, cria fantasmas dos personagens para completar o elenco. Só que Ilse quer um grande público, custe o que custar, o que força um convite aos gigantes da montanha, rústico povo vizinho sem apreço estético. Dividida em dois atos, a peça dura cerca de uma hora e vinte minutos, e tem no cenário colorido e nas músicas dois fortes elementos de atração e questionamento da importância da arte e da poesia na vida das pessoas. Foi o último texto escrito por Pirandello, cujo final foi ditado ao filho, enquanto o autor agonizava em seu leito de morte com uma pneumonia.


Para selecionar as treze canções interpretadas na peça, Gabriel Villela teve a ajuda de uma especialista italiana na obra de Pirandello. O ator pernambucano radicado em Natal, Hernanes Macedo, aguarda ansioso pelo resultado. “Pirandello é básico para quem trabalha com teatro, mas muito difícil também. Existe um certo clima sombrio e crítico a sua obra, muito por ele ter se envolvido com o fascismo italiano. Essa peça é complicada, por ter sido inacabada e fazer uma ponte entre a cultura popular italiana e a brasileira. Dizem que ela ficou com uma linguagem barroca, não sei. O que, para mim, é mais importante é que veremos um grupo e um diretor top no Brasil em ação aqui em Natal. Só isso já vale”- Hernanes se refere ao apoio irrestrito do dramaturgo à política de Mussolini, a ponto de entregar a medalha recebida no Nobel para angariar fundos para a campanha Coleta de Ouro, com a Itália bloqueada economicamente pela Liga das Nações, a ONU da época, por ter invadido a Etiópia, em 1935.

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