Você tem o
final de semana para adiantar afazeres que possam tumultuar seu expediente da
segunda-feira (25). Neste dia que inicia a semana prática, faça tudo o que
puder para sair cedo do trabalho, por que às 20h, no Anfiteatro da UFRN, com
entrada gratuita, está anunciada uma peça teatral com grande êxito de crítica e
público. “Os Gigantes da Montanha”, encenada pelo Grupo Galpão, com direção de
Gabriel Villela, chegou a atrair dez mil espectadores em uma única
apresentação, o que atesta a força do texto de Luigi Pirandello, escrito em
1934 pelo italiano vencedor do Nobel de Literatura. Parte do festival O Mundo
Inteiro é Um Palco, que comemora 20 anos dos potiguares do Clowns de
Shakespeare, a obra marca o reencontro do diretor com os atores (todos
mineiros), após quase duas décadas de afastamento – trabalhos anteriores, como
“Rua da Amargura” (1994) e, sobretudo, “Romeu e Julieta” (1992) foram
consagradores; esta última foi vista ano passado no mítico Globe Theater, palco
do próprio dramaturgo britânico, em Londres.
O espetáculo
estreou em junho, em Belo Horizonte, e traz em seu enredo toques surrais para
contar a chegada de uma companhia decadente, endividada, a um vilarejo isolado
do mundo, governado pelo mago Cotrone. Obcecada em montar a fábula do filho
trocado, a atriz e condessa Ilse insiste em ficar no rincão, representando
apenas para si mesmos. Cotrone, então, cria fantasmas dos personagens para
completar o elenco. Só que Ilse quer um grande público, custe o que custar, o
que força um convite aos gigantes da montanha, rústico povo vizinho sem apreço
estético. Dividida em dois atos, a peça dura cerca de uma hora e vinte minutos,
e tem no cenário colorido e nas músicas dois fortes elementos de atração e
questionamento da importância da arte e da poesia na vida das pessoas. Foi o
último texto escrito por Pirandello, cujo final foi ditado ao filho, enquanto o
autor agonizava em seu leito de morte com uma pneumonia.
Para
selecionar as treze canções interpretadas na peça, Gabriel Villela teve a ajuda
de uma especialista italiana na obra de Pirandello. O ator pernambucano
radicado em Natal, Hernanes Macedo, aguarda ansioso pelo resultado. “Pirandello
é básico para quem trabalha com teatro, mas muito difícil também. Existe um
certo clima sombrio e crítico a sua obra, muito por ele ter se envolvido com o
fascismo italiano. Essa peça é complicada, por ter sido inacabada e fazer uma
ponte entre a cultura popular italiana e a brasileira. Dizem que ela ficou com
uma linguagem barroca, não sei. O que, para mim, é mais importante é que
veremos um grupo e um diretor top no Brasil em ação aqui em Natal. Só isso já
vale”- Hernanes se refere ao apoio irrestrito do dramaturgo à política de
Mussolini, a ponto de entregar a medalha recebida no Nobel para angariar fundos
para a campanha Coleta de Ouro, com a Itália bloqueada economicamente pela Liga
das Nações, a ONU da época, por ter invadido a Etiópia, em 1935.
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