Daliana
Cascudo, neta do folclorista Câmara Cascudo,
com uma carta original do acervo
do seu avô
Um acervo
com 27 mil cartas de Câmara Cascudo foi digitalizado e será disponibilizado
para consulta a partir de agosto pelo Ludovicus – Instituto Câmara
Cascudo. São correspondências enviadas e
recebidas que revelam os laços de amizade entre Cascudo e pessoas de renome
como Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Assis Chateaubriand, Getúlio Vargas e
Juscelino Kubitschek, dentre tantos outros.
As cartas
datam a partir de 1920, quando Câmara Cascudo tinha apenas 20 anos, e estão em
ótimo estado de conservação, guardadas e organizadas no Instituto. A
digitalização de todo esse acervo começou em 2010 e o grande número de volumes
fez com que o trabalho demorasse mais que o previsto. “Nós não tínhamos o
número exato de cartas e estimávamos em 15 mil, mas com a digitalização vimos
que tínhamos muito mais”, disse a neta de Cascudo, Daliana Cascudo, responsável
pelo Instituto que funciona na casa onde o professor, historiador e pesquisador
morou.
A
digitalização foi desenvolvida pela empresa MaisDocs e contou com a dedicação
dos historiadores Rafael Fernandes Pimentel e Joás Souza de Abreu. “É um
trabalho minucioso porque as cartas são muito delicadas e por isso é um
processo demorado”, disse Rafael. Para Joás, a complexidade estava na
identificação dos autores das cartas enviadas a Cascudo. “Muitas cartas têm
apenas uma rubrica e foi difícil identificar alguns autores. Em muitos casos
foi possível identificar os autores ao ler as cartas”, disse.
Para o
diretor da MaisDocs, Leonardo Solha, que entrou como parceiro do projeto, a
realização é perpetuar a obra de Cascudo em formato digital. “Foi um trabalho
bastante complexo, mas que vai perpetuar parte da obra desse mestre da cultura
popular”, disse.
O acervo
digital das cartas de Cascudo será lançado no dia 30 de julho, data em que
completa 27 anos de morte do folclorista.
CÂMARA CASCUDO
Historiador,
estudioso, jornalista, advogado e
folclorista, Câmara Cascudo nasceu em
1898, época em que a capital potiguar se resumia a poucas ruas e pequena
população, como descreve o livro História da Cidade do Natal, escrito pelo
próprio. Hoje, Cascudo é nome de rua, de avenida, loteamento, agência dos
Correios, agência bancária, museu, biblioteca e livraria – um verdadeiro
monumento da cidade.
Em Natal ele
nasceu e permaneceu por toda a vida. Morreu em 30 de julho de 1986. “Ele não
quis se mudar de Natal nem para assumir uma cadeira na Academia Brasileira de
Letras, posto sonhado por tantos escritores e prestígio difícil de alcançar. E
se recusou por amor ao chão, ao local onde nasceu”, lembrou Daliana, neta de
Câmara Cascudo.
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