“Seu
conhecimento vem de muitos Mestres, mas, José Izidrio de Souza, nascido em 23
de junho de 1961, considera-se discípulo do Mestre Severino caboclo de
Laranjeiras do Abdias, onde segundo ele aprendeu a arte do Boi de Reis”,
declarou Lenilton Lima, fotógrafo e um dos integrantes do Ponto de Cultura Boi
Vivo.
O menino
José Izidrio desde pequeno sonha com o colorido e desejava se tornar um
brincante de Boi. E, aos 13 anos aprendeu a brincar. Mas, somente em 1975, aos
39 anos de idade, que Mestre Elias realizou a sua primeira viagem levando a
alegria e a tradição que aprendera pelo sertão do Rio Grande do Norte e da
Paraíba.
Este homem
que há mais de 38 anos traz viva a cultura popular em sua memória. Dono de um
dom de liderança conquista por onde passa admiradores dessa arte secular
transmitida através de suas apresentações pelo interior, que geralmente não se
tinha um destino certo ou um cachê pré-estabelecido, na realidade, o espetáculo
acontecia num pedaço de terra por onde os brincantes aportassem.
Mestre Elias
fala com carinho de todos os Mestres que conheceu e viu brincar. Mas, para ele
em sua época ninguém foi melhor do que Severino Caboclo e desabafa ao
questionar o prêmio que Manoel Marinheiro recebeu em sua época. “Aquele prêmio
deveria ter sido entregue para o Mestre Severino Caboclo. Só que naqueles tempos
foi valorizado quem conhecia mais gente importante. E, o melhor de todos
terminou morrendo abandonado e esquecido pelas autoridades cultural”.
Parece que
esse destino que muitos dos grandes mestres da cultura popular do Rio Grande do
Norte não acontecerá com o Mestre Elias Baraúna. “Passamos anos a sua procura.
Mas, como o paradeiro do Mestre era desconhecido, há algum tempo decidimos
montar uma equipe, formada por mim, Eugênio Pacellis Araújo, Ismael Alves e Bia
do Boi. Quando agora, o encontramos trabalhando em uma fazenda, onde planta e
limpa mato no Córrego de São Mateus, em Lagoa Salgada”, conta Lenilton.
O fotografo
destaca ainda que, “encontramos um Mestre totalmente desmotivado para seguir
com a sua arte, inclusive, já tinha até começado a desmontar suas figuras do
Boi. Os últimos que restavam estavam amarrados nos caibros e ripas de sua
cozinha no meio de suas panelas e de uma
estante improvisada para colocar seu mantimentos. Mestre Elias é um homem humilde,
e a exemplo de outros mestres de Boi de Reis, casou-se varias vezes, hoje está
em seu décimo segundo casamento”.
Na ocasião
do encontro, fez questão de ser fotografado ao lado da esposa e dos amigos,
adorava animais e gostava de adotar cachorros e gatos abandonados. E,
atualmente encontra-se na lista de espera do MST a espera de ter a sua própria
terra.
Nessa busca
pelo Mestre Elias, o grupo contou com o apoio da Fundação de Cultura de
Parnamirim que fez uma parceria com os pontos de cultura Ileaô e Boivivo com o
objetivo de reviver o Boi de Reis de Parnamirim. Ao todo, oito brincantes das
Marujas de Chico do Racho e Mestre Elpídio já fazem parte do projeto de
revitalização do auto do Boi de Reis de Parnamirim.
Segundo o
integrante do ponto de cultura Boi Vivo, “todos os brincantes que fizeram parte
dos Bois de Reis de Mestre Elpídio e Chico do Rancho estão sendo convidado.
Entre eles, está o Mestre Elias Baraúnas, que foi brincante de Chico do Rancho
considerado por todos os brincantes o melhor mestre em atividade do Rio Grande
do Norte”.
O objetivo
desse projeto é o de valorizar a cultura popular e resgatar suas tradições e
costumes, como também, reconhecer a importância dos brincantes, registrar e
repassar os conhecimentos. “Considero uma vitória ter encontrado Mestre Elias,
homem simples, sonhador por natureza e rico pela tradição cultural que traz em
sua mente e conseguir dar novamente a oportunidade dele voltar a brincar de Boi
é uma alegria muito grande”.
O Ponto de
Cultura Boi Vivo, assumiu ainda, o compromisso de escrever o Mestre no edital
do Minc, que esta aberto até o final do mês de julho e junto com a Fundação de
Cultura e o Ponto de Cultura Ileaô pretende agilizar uma reunião com os demais
brincantes para os acertos finais do início das atividades do Boi de Reis de
Parnamirim.
“Agora é só
esperar para poder ver as apresentações desses brincantes que representam uma
parte importante da história do Rio Grande do Norte”, finaliza Lenilton Lima.
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