Autor da
obra, o francês Antoine de Saint-Exupéry, esteve no RN nos anos 20
Setenta anos
de uma das histórias literárias mais incríveis que se tem notícia, com fortes
ligações com o Brasil e o Rio Grande do Norte, foram comemorados em um dia
especial nesta quarta-feira (20). Promovido pelo Sistema Fecomércio, através do
SESC RN, os 70 anos do livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, houve
uma grande programação desde as 08h, com exposições de livros, quadros,
contação de histórias, realejo e sarau músico-poético para estudantes e
curiosos. Tudo aconteceu na árvore baobá da Rua São José, próximo ao cruzamento
com a Av. Alexandrino de Alencar, que teria servido de inspiração para as
ilustrações do piloto de avião e escritor francês, visitante de Natal entre as
décadas de 1920 e 1930, tempo em que respondia pelo correio postal da América
do Sul com a Europa e a África.
Dentro da
agenda prevista, às 19h, aconteceu o lançamento do livro Flores Que Encantam o
Brasil, obra a seis mãos do escritor, advogado e presidente da Academia
Norte-rio-grandense de Letras, Diógenes da Cunha Lima, com sua filha, a
fotógrafa Leila da Cunha Lima Almeida, e com o também escritor Nelson Patriota.
São imagens da natureza com o auxílio luxuoso de poemas em uma edição bilíngue
(português-inglês). O interesse universal pelo livro de Zé Perri, como nordestinos
chamavam o francês, pode ser explicado no fato de que é o terceiro mais
publicado no mundo, atrás apenas da Bíblia Sagrada e de O Peregrino, e o
principal na língua de Montaigne. “É a mais linda história de poesia e
humanidade já escrita”, confirma Diógenes, proprietário do terreno onde fica o
famoso baobá desde 1991.
Assim como
Moby Dick que, à época, parecia mais um texto simplório para crianças e
adolescentes, O Pequeno Príncipe virou clássico com a narrativa de profunda
filosofia e humanismo sobre o menino que vivia num castelo, como um rei, e
sonhava em voar. Ele então cresceu, virou piloto de avião e passou a reinar
pelos céus. E encantou o mundo.
Desde então,
a vida de seu autor, o piloto francês aventureiro que fazia manobras
arriscadas, morto no norte da África em combate contra os alemães que ocupavam
sua França natal, meses depois de o livro chegar às livrarias, virou patrimônio
cultural em vários idiomas. Só o presidente da ANRL tem quarenta versões. “Cada
amigo que viaja ao exterior sabe que é o maior presente que posso ganhar. Tenho
em idiomas raros, como em mandarim, japonês, catalão e iídiche”.
Saint-Exupéry
mal recebera os primeiros exemplares, em 1943, e teve de cruzar o Atlântico a
bordo de um navio com tropas americanas para lutar contra o exército alemão. No
dia 31 de Julho de 1944 ele não retornou de sua última missão. Seu corpo nunca
foi encontrado. Recentemente um aviador alemão afirmou que abateu o francês em
voo, mas mesmo assim há quem acredite em falha humana, mecânica e até em
suicídio. A paixão de Diógenes por essa rede intrincada de episódios e,
sobretudo, pelo texto lírico e reflexivo, vem dos anos 1950, ao chegar a Natal
ainda menino, direto de Nova Cruz. “Eu estava tão encantado com a história de
que os desenhos de Exupéry tinham sido inspirados no baobá daqui que fiquei de
olho no terreno que era mantido por um deputado. Quando colocaram à venda,
comprei para realizar um sonho”, relembra Diógenes.
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