A candidata
à reeleição Dilma Rousseff sentiu no queixo o soco cruzado desferido por Marina
Silva (PSB) na sua chegada à disputa presidencial. E como qualquer pugilista, a
petista engoliu o choro, o grito de dor, levantou a guarda e partiu para o
ataque. Resultado: absorveu o golpe no Rio e manteve intacto São Paulo,
espécies de fígado e baço na disputa eleitoral. Saiba mais.
Marina Silva
é um fenômeno político comparável à Fernando Collor de Mello em 1989. Candidato
da direita e dos meios de comunicação naquela ressaca pós ditadura, o então
governador de Alagoas usufruía a exposição midiática extrema, enquanto os principais
concorrentes, Lula e Brizola, experimentavam o limbo. Eleito, Collor foi
abandonado pelos próprios protetores quando parou de atende-los.
Marina não é
diferente. Embora sua entrada em cena tenha se dado por razões alheias à sua
vontade (a morte de Eduardo Campos em acidente aéreo), a candidata do PSB
presta papel importante para a mesma direita e os mesmos grupos midiáticos: dá
sobrevida à candidatura de Aécio. Mas Marina, acima de tudo, representa o
conservadorismo por ela mesmo: encarna forças reacionárias da Igreja Evangélica
e a ganância insaciável de banqueiros.
Dilma,
herdeira política de Lula, a quem se atribuiu a mais popular na era pós-Getúlio
Vargas, por um instante anteviu o projeto da reeleição em vias de naufragar. O
momento mais frágil foi quando, em entrevista no Jornal Nacional, testemunhou
seus oponentes (não se pode confundi-los com repórteres) enfrenta-la de maneira
nada cordial e desrespeitosa até. Dedo em riste, pressionavam a mulher como se
quisessem dela extrair confissão de ré em processo desconhecido.
Agora,
vacinada, parte para o ataque. Recusou a ida ao Jornal da Globo e, ato
contínuo, percebeu que Marina também tem pés de barro. Assuntos como casamento
gay, apoio de uma banqueira para seus projetos pessoais e até mesmo a
dificuldade em falar em gestão pública são temas desfavoráveis à Marina. Mais
ainda: quando a candidata do PSB fala em independência do Banco Central, Dilma
age para que seja vista como porta-voz da amiga banqueira, e não como gestora
da economia.
Dilma está
muito próximo de chegar ao quinto round com amplas condições de vitória. Mas
deve enxergar mais adiante. Não mexer na estrutura do seu governo,
especialmente na Comunicação, vai torna-la, mais uma vez, frágil e dependente
dos lapsos de jornalismo que a mídia conservadora lhe oferece. Ou abarca em
definitivo neste universo da Comunicação as novas mídias, ou se tornará alvo
fácil do dedo em riste no próximo ciclo. Se ele vier.
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