Por: Marcelo Brandão
Em: Agência Brasil
O Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) comunicou hoje (4) que houve erros na
divulgação de resultados da pesquisa Tolerância Social à Violência contra as
Mulheres. Foram trocados os gráficos percentuais das perguntas “Mulheres que
usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” e “Mulher que é agredida
e continua com o parceiro gosta de apanhar”.
A pesquisa tinha
revelado que 65,1% dos entrevistados concordam que mulheres que usam roupas
curtas merecem ser atacadas. O dado correto, divulgado hoje, é 26%. Segundo o
levantamento, 70% discordam da afirmação de que a roupa justifica a violência.
Após a detecção do erro, o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea,
Rafael Guerreiro Osorio, pediu exoneração.
Com a correção,
constatou-se ainda que 65,1% concordam total ou parcialmente que mulheres que
são agredidas pelos parceiros, mas continuam com eles, “gostam de
apanhar”. O dado anterior era 26%.
“Vimos a público
pedir desculpas e corrigir dois erros nos resultados de nossa pesquisa”,
retratou-se a entidade, em nota. “Com a inversão de resultados entre as duas
questões, relatamos equivocadamente, na semana passada, resultados extremos
para a concordância com a segunda frase, que, justamente por seu valor
inesperado, recebeu maior destaque nos meios de comunicação e motivou amplas
manifestações e debates na sociedade ao longo dos últimos dias”.
O dado de que 65,1%
dos entrevistados concordam que mulheres que usam roupas curtas merecem ser
atacadas gerou protestos em rede sociais e reverberou na imprensa. Homens e
mulheres se posicionaram contra o suposto machismo revelado nas respostas. A
frase “Eu não mereço ser estuprada” foi amplamente reproduzida na última
semana.
A jornalista Nana
Queiroz, criadora da frase, chegou a ser ameaçada após o início dos protestos.
“Amanheci de uma noite conturbada. Acreditei na pesquisa do Ipea e experimentei
na pele sua fúria. Homens me escreveram ameaçando me estuprar se me encontrassem
na rua, mulheres escreveram desejando que eu fosse estuprada”, relatou Nana, em
sua página em uma rede social. A presidenta Dilma Rousseff chegou a manifestar
apoio à campanha e à jornalista.
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