CONSELHO REVELA QUE NÚMEROS DA VIOLÊNCIA CONTRA OS IDOSOS NO ESTADO DOBRAM EM 2013

O Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa foi registrado no último sábado (15). Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2006, a data mereceu destaque no Conselho Estadual da Pessoa Idosa (Cedepi), que observa um crescimento alarmante em número de denúncias no Rio Grande do Norte, através do Disque 100. Para reduzir a marca negativa e conscientizar a sociedade sobre direitos, deveres e, sobretudo, respeito ao próximo, o órgão ligado a Secretaria de Estado de Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas), realizará nesta terça-feira (18) um curso capacitante para os 14 conselheiros que acompanham os trabalhos de proteção e valorização da terceira idade. O apoio e sugestão para municípios do Interior realizarem simpósios e palestras também estão previstos no decorrer do ano.

Entre janeiro de 2011 e abril de 2012 foram acatadas 306 denúncias de maus tratos, como deixar idosos sem banho, comida ou sozinhos; apropriação indevida do cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) por parte dos familiares; e agressões físicas. Mas, apenas nos primeiros quatro meses de 2013, esse número mais que dobrou, com 638 notificações realizadas no Disque 100 (496 só em Natal).

Para Adna Lígia Dias, presidente do Cedepi, a situação “É extremamente preocupante. Essas denúncias, em sua maioria, envolvem idosos com mais de 80 anos, pessoas que têm dificuldade de locomoção, pele sensível, ossos mais frágeis. Por isso, vemos casos de que eles quebram braços e pernas, sofrem machucados com cicatrização demorada. É um absurdo que precisamos combater todos os dias”.

Adna fala que o aumento das denúncias no último ano foram coletadas e passam por análise de técnicos do Cedepi e da Sethas. Os dados, segundo ele, deixam o Rio Grande do Norte entre os dez mais violentos contra o idoso. “Temos que fazer uma campanha permanente. Estamos compilando esses dados para apresentarmos um diagnóstico sobre o porquê deste aumento todo. A maioria envolve familiares que usam o dinheiro do SUS para benefício próprio, deixando os idosos sem oportunidade de usar o que lhes pertence. Muitos passam fome, vivem em condições precárias e são abandonados por filhos, que precisam passar o dia fora, trabalhando. E tem aqueles que os agridem constantemente, seja com palavras, ou mesmo com tapas e chutes”.

O Conselho Estadual da Pessoa Idosa tem sete membros governamentais e sete não governamentais, estes escolhidos após eleição. São profissionais de várias segmentos, como advogados, assistentes sociais, pastores evangélicos, freiras católicas. “É bem eclético.

Estamos em contato com Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, com a Delegacia do Idoso, Ministério Público e o CODIMM [Coordenadoria de Defesa das Mulheres e das Minorias]. Precisamos unir forças para combater essa violência. Quem tiver alguma denúncia a fazer, pode procurar o Disque 100. Não tem identificação, a não ser que a pessoa queira”.