quarta-feira, 26 de junho de 2013

MAIS PONTOS PARA REFORÇAR A TEIA CULTURAL


Uma revolução invisível aos holofotes ganha corpo desde 2008 com o surgimento dos Pontos de Cultura, iniciativa de conceito simples inserida no Programa Mais Cultura do MinC que financia por três anos ações culturais já em curso. Independente dos problemas com prestação de contas e atrasos no repasse de verbas, os Pontos deram fôlego novo e de maneira capilarizada conseguiu movimentar toda uma cadeia produtiva que aos poucos alinhava o conceito de economia criativa. No Rio Grande do Norte são 43 Pontos em plena atividade espalhados em 25 municípios, cada qual a sua maneira, e todos os anos uma cidade é escolhida para receber um encontro nacional dos ‘ponteiros’, Teia, ponto alto do Programa.

A quinta edição do evento, que reunirá durante cinco dias cerca de 5 mil pessoas de todo o Brasil no primeiro semestre de 2014, será realizada em Natal. A confirmação foi anunciada nesta segunda-feira (24), após reunião entre Dácio Galvão, presidente da Fundação Capitania das Artes, e Pedro Vasconcellos, diretor de Cidadania e Diversidade Cultural da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. Na ocasião, ficou acertado apoio da Prefeitura.

“A Teia tem dois momentos”, informou o fotógrafo potiguar Teotônio Roque, do Ponto de Cultura Lumiar, “um político e outro de celebração. O primeiro momento abrange um fórum onde são discutidas diretrizes e apontamentos para formatação de políticas públicas; já no segundo temos o congraçamento com shows e exposições”, adiantou Roque, que faz parte da coordenação nacional e é o representante dos Pontos de Cultura para a região Nordeste. Ele destaca que há pouco mais de um ano tramita projeto de lei no Congresso Nacional tornando o Programa Mais Cultura uma política de Estado. “Contamos com uma mobilização nacional muito forte e nossa expectativa é que até dezembro essa lei esteja sancionada”.

O formato dos Pontos de Cultura virou, inclusive, produto de exportação, e hoje vários países da América Latina criaram programas semelhantes como Colômbia, Peru, Bolívia, Argentina, Venezuela, Uruguai e Chile.

Clênia Luna, responsável pelo convênio entre o MinC e a Fundação José Augusto dos Pontos de Cultura, acredita que a Teia deva acontecer no mês de abril do próximo ano. “Antes, porém, teremos a Teia estadual em setembro aqui em Natal”, adiantou. Clênia destacou que o Plano Estadual de Cultura prevê a ampliação da rede de Pontos para 100 cidades do RN, ou 150% a mais do que existe hoje. Ela lembrou que em 2012 os repasses foram normalizados e que a prestação de contas da segunda parcela inicia agora em julho. “Tem gente se habilitando para receber a última parcela”, garante.

PONTOS DA TEIA NATALENSE

O Rio Grande do Norte possui 43 pontos de cultura, sendo 25 em Natal. As realidades são diferentes: enquanto alguns estão em estágio avançado, outros ainda não definiram o caminho

“Cinema para todos”, Instituto Técnico de Estudos Cinematográficos – ITEC

O Ponto promove vivências cinematográficas com estudantes de cidades do interior do RN. São 15 dias de atividades como oficinas de roteiro, aulas sobre fotografia e operação de câmera que culminam com a produção de um curta. Na primeira fase o “Cinema para todos” passou por Assu, Lajes e São Gonçalo do Amarante, e para esta segunda etapa estão acertadas oficinas em Macaíba, Extremoz, Touros e um quarto município ainda não definido”.  “Levamos cinema para lugares que dificilmente chegaríamos sem apoio, pois antes as aulas eram pagas pelos próprios alunos”, disse Carlos Tourinho, diretor de fotografia.

Ponto “Rebuliço”, Grupo Facetas, Mutretas e Outras Histórias

Oferece oficinas gratuitas de dança contemporânea, teatro e música; realiza mostras coletivas para apresentar o resultado das oficinas e sessões do cineclube Boi de Prata. Atuação no Conjunto Pirangi. “Na primeira fase adquirimos computadores, equipamentos de áudio e vídeo, e neste momento estamos promovendo as oficinas previstas na segunda etapa do projeto. Vejo a Teia como o maior evento do Brasil em termos de diversidade cultural. É um encontro também político, que em 2014 terá um configuração diferente, mais abrangente, ao incluir outros movimentos socioculturais ”, disse Rodrigo Bico, ator.

“Boi Vivo”, São Gonçalo do Amarante

O Ponto “Boi Vivo” figura entre os que ainda não receberam a segunda parcela de R$ 60 mil por falta de documentação. A proposta é valorizar mestres e grupos populares, fortalecer suas atuações a partir de intercâmbio e incentivos. Atuação em São Gonçalo do Amarante com o Boi Calemba Pintadinho; em Parnamirim com o Boi Chuvisco Pintadinho; e em São José de Mipibu com o mestre rabequeiro Damião (gravação de um CD). “Tivemos um problema de ordem burocrática, mas as ações continuam em curso. Firmamos parceria com outro Ponto de Parnamirim, o ‘Ileaô’, e com a prefeitura de lá para retomarmos as atividades do Boi. Espero que até a Teia o RN possa se planejar para mostrar a diversidade cultural que há por aqui”, conta Lenilton Lima, fotógrafo.

“Fotografia e Identidade”, Galeria Zoon de Fotografia

Realizou oficinas de fotografia em nove municípios, entre eles Macaíba, Natal, São José de Mipibu, Angicos e Mossoró. Os trabalhos viraram exposição e cartão postal. “Fomos selecionados entre os 100 Pontos da primeira remessa, vinculados exclusivamente ao MinC, e acompanhamos todo esse processo de construção do programa Cultura Viva. Já cumprimos todas ações enquanto Ponto de Cultura, e agora trabalhamos em outra proposta contemplada pelo Prêmio ASA (R$ 80 mil): a Galeria Zoon Móvel. Com essa verba compramos um contêiner e equipamentos para montar uma galeria fotográfica com previsão de lançamento para agosto. Buscamos parcerias para viabilizar a itinerância do projeto”, detalha Henrique José, fotógrafo

“Tecido Cultural”, Cenarte-Centro de Estudo, Pesquisas e Ação Cultural

O objetivo do Ponto de Cultura “Tecido Cultural” é difuso: busca introduzir conceitos de direito e cidadania dentro de questões artísticas e culturais. A forma para promover esse intercâmbio não está consolidada e o projeto promove oficinas multimídia e publica informativos. “Percebemos que havia espaço para discutir direitos culturais enquanto cidadania, a partir de uma perspectiva mais ampla. Esses dois anos de atraso nos repasses deram uma esfriada nas atividades e considero este momento como de retomada. Os Pontos de Cultura são laboratórios”, disse  Roberto Monte, coordenador.

“Giratório”, Grupo Gira Dança

O Gira Dança fracionou as ações em três módulos, e com isso não houve problemas de continuidade devido os atrasos de repasses das verbas. Na primeira fase o grupo desenvolveu trabalhos de dança com deficientes em instituições; no momento movimenta a sede na Ribeira com oficinas (pagas e gratuitas) de dança contemporânea e o próximo passo será circular com espetáculos por outras cidades do RN e em outros Pontos de Cultura.


“Acredito que a vinda da Teia dará maior visibilidade nacional à produção artística aqui do RN. Vamos mostrar nossa cara para outros Pontos e buscar o fortalecimento da rede estadual – os Pontos precisam interagir mais”, disse Anderson Leão, diretor artístico.

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