quinta-feira, 22 de maio de 2014

MORADORES DE CIDADE DA PARAÍBA TÊM INTERNET NA PRAÇA, MAS TOMAM BANHO DE BALDE

São José de Piranhas oferece Wi-Fi grátis, mas comunidades rurais
sofrem com a seca e não verão a água do São Francisco

Incrustada no sertão paraibano, a mais de 400 km de distância da capital João Pessoa, a São José de Piranhas (PB), brindada na terça-feira passada com a visita da presidente Dilma Rousseff, que lá foi inaugurar um túnel da inacabada obra da Transposição do Rio São Francisco, é um retrato de um Brasil que avança, e de outro que não sai do lugar.

Beneficiada com dezenas de programas e ações do governo federal nas gestões de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a cidade se desenvolveu, e hoje se dá ao luxo de ter Wi-Fi grátis na praça, franqueado pela Prefeitura. A 10km dali, porém, comunidades rurais de Piranhas enfrentam um crônico problema hídrico, e já sabem que nem a água da transposição, ora prometida para irromper nas torneiras paraibanas em 2016, chegará até elas.

Em uma década, Piranhas recebeu máquinas como retroescavadeira, caminhão caçamba e caminhão-pipa, oito ônibus escolares, um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), 1,8 mil kits escolares, uma creche (obra pronta, aguarda equipamentos), um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), dois profissionais do programa Mais Médicos (um deles cubano), 132 banheiros para as comunidades e 15 escolas com laboratório de informática, bem como ampliou o Programa de Saúde da Família, investiu na capacitação de professores e acessou programas como o Projovem.

Contudo, dos 19 mil habitantes, 2,9 mil famílias ainda dependem do Bolsa Família, e mais de 2 mil pessoas vivem uma situação de grande insegurança hídrica.

No Caldeirão, zona rural, há muito o banho é de balde, não há trabalho para os homens que plantavam milho e arroz porque os pés secaram todos, a pouca água que aparece é transportada em latas e as mulheres percorrem quilômetros com as roupas da família em mãos para lavá-las em outras comunidades porque a água é escassa.

Os dois cacimbões, poços construídos pela comunidade para o armazenamento da água - um com dez metros de profundidade, e outro com sete - secaram por completo. As casas que têm cisternas - muitas não tem - as veem quase vazias.



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