É comum que
pessoas que já sofreram algum acidente vascular cerebral (AVC) sejam tratadas
com aspirina para evitar coágulos no sangue e, assim, diminuir o risco de um
segundo derrame. Um teste clínico realizado na China, porém, demonstrou que
combinar a droga com outro medicamento usado para evitar coágulos é melhor do
que a aspirina sozinha para reduzir o risco de AVC.
Segundo a
pesquisa, publicada nesta quarta-feira na revista The New England Journal of
Medicine, a terapia combinada reduziu em um terço o risco de derrame em
pacientes que já haviam sofrido um em comparação com o tratamento baseado na
aspirina.
As
conclusões fazem parte da terceira fase do teste clínico chinês em torno da
terapia combinada para a prevenção do AVC. A pesquisa foi denominada de CHANCE
(sigla que significa Clopidogrel em Pacientes com Alto Risco de Eventos
Vasculares Cerebrais Agudos Não Incapacitantes). Um teste similar a esse está
sendo realizado nos Estados Unidos. Caso os resultados sejam confirmados, os
especialistas acreditam que a combinação do medicamento clopidogrel (Plavix)
com a aspirina pode mudar o padrão de cuidado a pacientes com um alto risco de
sofrer um segundo derrame.
O trabalho
chinês foi feito com 5.170 pacientes que sofreram um AVC. Até 24 horas depois
de o evento cardiovascular ter ocorrido, essas pessoas passaram a ser tratadas
com aspirina ou então com a combinação de aspirina e clopidogrel. De acordo com
os resultados, 11,7% daquelas que fizeram uso somente de aspirina sofreram um
AVC nos três meses seguintes ao início do tratamento. Essa prevalência foi de
8,2% entre o grupo submetido à terapia combinada.
"Os
resultados foram surpreendentes", diz Claiborne Johnston, professor de
Neurologia da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e um dos autores do
estudo. Johnston também coordena a pesquisa que está sendo feita nos Estados
Unidos sobre o assunto. “Devemos ter a confirmação ou não dessas conclusões
dentro de alguns anos”, afirma.
03) Teste de vacina contra diabetes tipo 1 é bem-sucedido
Uma equipe
de pesquisadores parece ter conseguido desenvolver uma vacina capaz de domar o
sistema imunológico de uma pessoa de forma a evitar que ele passe a atacar e
destruir as células que produzem insulina – quadro que caracteriza o diabetes
tipo 1. Ainda em testes iniciais, a vacina, caso prove ser eficaz e segura em
estudos futuros, poderá ser a solução para retardar ou até mesmo evitar a
doença. As descobertas foram publicadas nesta quarta-feira no periódico Science
Translational Medicine.
O diabetes
tipo 1 é uma doença autoimune, ou seja, que ocorre quando o sistema imunológico
do paciente passa a atacar o próprio organismo. No caso dessa condição, o
sistema de defesa reconhece como inimigo e ataca células que produzem a
insulina, hormônio que ajuda a glicose a sair da corrente sanguínea e entrar
nas células, controlando a taxa de açúcar no sangue. Pessoas com essa doença
precisam controlar seus níveis de glicose várias vezes ao dia, além de repor a
insulina no organismo.
A busca por
uma vacina que consiga controlar o sistema imunológico e evitar que ele ataque
essas células não é algo recente. Segundo esse novo artigo, cientistas estudam
uma forma de tornar isso possível há mais de 40 anos. Na maioria das
tentativas, o que ocorreu foi que a terapia atacou todo o sistema de defesa do
indivíduo, fragilizando a saúde do paciente e o tornando mais propenso a outras
doenças, como o câncer, por exemplo.
AÇÃO ESPECÍFICA — A nova pesquisa foi feita por
especialistas de instituições como a Universidade Leiden, na Holanda, e a
Universidade Stanford, Estados Unidos. Segundo os autores, a vacina
desenvolvida por eles é feita a partir de um pedaço de DNA geneticamente
modificado para conter a resposta imunológica à insulina. A vacina foi criada
para destruir apenas as células do sistema imunológico que são prejudiciais,
deixando o restante do sistema de defesa intacto.
SEGURA E EFICAZ — O teste da vacina envolveu 80
pessoas maiores do que 18 anos com diabetes tipo 1 que faziam tratamento com
injeções de insulina. Parte delas recebeu doses dessa vacina e o restante, de
placebo. Após 12 semanas recebendo uma dose de vacina ou placebo semanalmente,
os pacientes do grupo da vacina ativa apresentaram sinais de que seu corpo
estava preservando algumas das células produtoras de insulina no pâncreas sem
efeitos adversos. Além disso, a nova vacina diminuiu o número de células do
sistema de defesa responsáveis por matar as produtoras de insulina.
Lawrence
Steinman, um dos autores do estudo, admite que a vacina está longe de ser
comercializada, mas acredita que esses resultados são suficientes para que um
estudo maior em torno do tratamento seja realizado futuramente. A ideia é que a
vacina seja testada em 200 pessoas com diabetes tipo 1 para avaliar se ela pode
parar a progressão da doença em pacientes jovens antes mesmo de a condição ter
causado um dano maior à saúde.