A
governadora Rosalba Ciarlini deve anunciar na próxima semana o escopo do
projeto de um novo porto para o Rio Grande do Norte. Será uma das últimas ações
do secretário de Desenvolvimento Econômico, Rogério Marinho, à frente da pasta,
já que ele tem planos para se desligar entre o fim deste mês e o começo do
próximo para se candidatar a deputado federal nas eleições de outubro.
Embora o
prazo legal para desincompatibilizações seja abril, Marinho prefere sair antes.
Seu adjunto Silvio Torquato foi convidado duas vezes para ocupar pela segunda
vez o comando da Sedec. A primeira foi
quando o baiano Benito Gama deixou a Secretaria, em fins de 2012.
Na semana
passada, Torquato recebeu o primeiro convite do chefe do Gabinete Civil, Carlos
Augusto Rosado, e o segundo da própria Rosalba durante uma visita da
governadora a Caicó, onde há planos para se construir o Centro Industrial num
terreno localizado às margens da rodovia estadual RN 118, no sentido
Jucurutu. Em ambas as ocasiões ele
aceitou.
Sobre o novo
porto, ouvido hoje, Rogério Marinho pediu paciência. “A governadora vai
anunciar tudo na semana que vem”, limitou-se a declarar. “Ela dará todas as
informações sobre o assunto”, acrescentou. Mas, sabe-se que há um ano ele
trabalha nesse projeto com a participação direta do deputado Henrique Eduardo,
o homem que abre as portas dos ministérios em Brasília.
Os detalhes
do projeto, inclusive o desenho da licitação a ser lançada, já estão definidos,
mas também serão conhecidos a partir das palavras de Rosalba. Rogério
limitou-se a afirmar apenas o que já vem repetindo nos últimos anos: o Rio
Grande do Norte padece de problemas crônicos de infraestrutura que o condenaram
a viver eternamente numa posição subalterna em relação aos vizinhos Pernambuco
e Ceará e, pior, perdendo espaço até para a Paraíba.
A construção
de um novo porto para o Rio Grande do Norte não é propriamente uma novidade. O
problema é conseguir levar a cabo o sonho que já está incorporado ao
imaginário. Durante o governo Wilma de Faria, que conseguiu emplacar quase oito
anos, esse projeto manteve entretida muita gente que frequentava o gabinete do
então secretário de Planejamento, Wagner Araújo.
A diferença
de agora é que naquela ocasião, à custa de milhões em consultorias
especializadas, foi produzido um estudo mais ambicioso (isso não quer dizer
efetivo) de viabilidade técnica e econômica para a implantação de um sistema
ferroviário que agisse complementarmente com um novo porto. Um seria a base do
outro.
Esse estudo
foi apresentado em meados de 2006 e mostrou alternativas para as ligações
ferroviárias desde a capital até alguns dos maiores centros produtivos como
Mossoró, Macau e Guamaré, para ficar só nesses casos.
Nessa época
o aeroporto de São Gonçalo era apenas um sonho distante, mas já existia. O
debate sobre a construção do novo porto começou como opção para o Porto Ilha em
Areia Branca, tendo como alternativa B uma estrutura com uma correia
transportadora de alguns quilômetros mar adentro em Porto do Mangue para escoar
o minério que viria por trem. Custo em dezembro de 2005: U$ 60 milhões, uma
nota preta na época e hoje um troco.
Não se
imagina ainda o que a governadora pretende anunciar para o projeto do novo porto.
A diferença agora, em relação ao passado, é que o aeroporto de São Gonçalo será
inaugurado em abril e Henrique Eduardo é finalmente o presidente da Câmara dos
Deputados, o que faz toda a diferença até quando se sonha. Menos, nesse caso,
para Rosalba e o governador de plantão, Carlos Augusto.
Henrique
chegou a tocar no assunto do novo porto por ocasião do seminário promovido por
uma de suas empresas. A governadora não teria gostado. Quer ela mesma mostrar
que seu governo não é feito apenas de obras emergenciais contra a seca e
projetos descontinuados que mostram todo o descompasso com uma equipe
desanimada com o futuro da administração.
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