A violência
contra profissionais e veículos de comunicação avançou no Brasil. De acordo com
o Relatório sobre Liberdade de Imprensa da Abert, no último ano, ocorreram 173
casos, entre assassinatos, agressões, ataques, ameaças, detenções,
intimidações, censura e condenações. O número é 27% maior que o registrado no
período anterior (136 casos).
Os dados
foram apresentados nesta quinta-feira, 9, pelo presidente da entidade, Daniel
Slaviero, durante a 44ª Assembleia Geral da Associação Internacional de
Radiodifusão (AIR), na Cidade do Panamá.
O encontro
reúne, até o dia 11 de outubro, representantes de emissoras de rádio e
televisão, empresários e profissionais do setor de radiodifusão das três
Américas, da Ásia e Europa para discutir temas relacionados à liberdade de
expressão, propriedade intelectual e questões técnicas.
O número de
agressões registrado no relatório chama atenção: foram 66 casos no total, sem
contar com os que ocorreram durante as manifestações na Copa do Mundo.
Os casos
registrados durante os protestos no primeiro semestre foram responsáveis por
boa parte das notificações. No entanto, muitas agressões foram cometidas
durante cobertura jornalística de rotina.
“Isso é
preocupante. A Abert tem cobrado das autoridades para que essas agressões sejam
devidamente apuradas e não fiquem impunes. As liberdades de expressão e de
imprensa precisam de vigilância permanente, para não haver retrocessos”, afirma
Daniel Slaviero.
As
manifestações contribuíram mais uma vez para o aumento da violência contra
profissionais e veículos de comunicação no país. O relatório registra 35 casos
somente durante a realização dos jogos da Copa do Mundo, em junho. Desse total, 30 são de agressões e
intimidações, a maioria cometida por manifestantes e policiais militares.
O quadro de
violência também preocupa pelo avanço do número de assassinatos. No último ano
foram 7, contra 5 registros do período anterior. A morte do cinegrafista da TV
Bandeirantes, Santiago Andrade, em 10 de fevereiro deste ano, colocou o país em
alerta. Depois da intervenção da Abert e das demais entidades de comunicação, o
governo reforçou as medidas para a segurança de jornalistas durante as manifestações,
mas os equipamentos de proteção individual, como os coletes à prova de balas,
capacetes e máscaras anti-gás fizeram parte do dia a dia das equipes.
Outro dado
que chama atenção é o número de ataques ao patrimônio de veículos de
comunicação. Foram 15 no último ano, 5 a mais que no período anterior. Sedes de
rádios e de jornais, além de automóveis foram incendiados ou depredados.
De acordo
com o presidente da AIR, Alexandre Jobim, o relatório aponta um declínio na
segurança dos jornalistas. “Devemos
alertar a América Latina sobre a possibilidade de retrocesso na liberdade de
expressão”, afirma Jobim.
Ao final do
encontro no Panamá, os representantes da AIR, entidade que reúne 17 mil
emissoras privadas de rádio e televisão, devem apresentar uma resolução sobre o
tema.
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