As eleições
deste ano serão marcadas por um muro construído entre dois Brasis. O que separa
ricos e pobres, Sul e Sudeste de Norte e Nordeste. E, embora esta cisão seja
atribuída ao PT, por conta da vitória no primeiro turno de forma esmagadora nos
estados nordestinos, é no pensamento manifesto dos principais representantes
tucanos que o fosso que separa ricos e remediados é apresentado de maneira mais
concreta.
A internauta
de Conexão Jornalismo, Julia Ferreira Tatto, observou numa leitura no site do
PSDB o quanto o preconceito de lideranças tucanas tem se mostrado contundente.
Alberto Goldman, um ex-filiado ao partidão e filho de judeus, ex-governador de
São Paulo após renúncia de Serra, escreve artigo onde evoca o perfil
intelectual dos eleitores do tucanato em dicotomia ao eleitor do PT.
Diz ele: "O
Brasil do trabalho formal, produtivo, dos seus trabalhadores e empresários, no
campo e na cidade, o Brasil da cultura e da tecnologia - essa é, de fato, a
elite brasileira - rejeitou, por ampla maioria, o PT e sua candidata. Deu mais
votos a Aécio e Marina. Os outros, com todos os direitos que lhes devem ser
garantidos e com toda a proteção social que a sociedade lhes deve, são os
excluídos. Deram a maioria dos votos à Dilma".
Goldman,
pelo visto, absorveu muito pouco na sua origem familiar ou mesmo política.
Filho de imigrantes judeus que fugiram do massacre nazista na Polônia, sabe, ou
deveria saber, como poucos, o quanto o preconceito pode custar caro quando o
tema é de caráter social ou antropológico. Mais ainda, sua passagem por um
partido que defende historicamente a luta de classes, mas também o
igualitarismo de tratamento, com atenção especial aos proletários e miseráveis,
deveriam fazê-lo um homem melhor, mais humanista e generoso.
Com quatro
mandatos de deputado federal e outros tantos de estadual e cargos públicos, o
economista de 77 anos revela-se acima de tudo um bárbaro da intolerância.
Alheio aos avanços sociais e, naturalmente, ao reconhecimento destas conquistas
traduzido em votos, ele destila o veneno do preconceito que tão mal faz à
sociedade brasileira. Trata-se de uma senha da derrota, da discórdia e do
desamparo de uma elite que não olha para o próprio passado quando sua única
razão de existência é a ambição do poder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário