Fechado para
visitação pública há mais de cinco anos, o Museu Café Filho segue sem
perspectiva de reabertura na Cidade Alta. E de acordo com a Fundação José
Augusto, órgão responsável pela gestão do espaço, a retomada das obras
paralisadas em agosto do ano passado dependem de uma nova licitação – enquanto
isso os cupins dominam o sobradinho, primeiro imóvel residencial de dois
pavimentos de Natal, e corroem a já rarefeita memória da cidade. Construído
entre 1816 e 1820, o lugar sediou por dois anos o sindicato trabalhista criado
e presidido por Café Filho (1899-1970), único potiguar a chegar a presidência
do Brasil como vice na chapa de Getúlio Vargas, governando o país entre agosto
de 1954 e novembro de 1955. Originalmente orçada em R$ 150 mil, a obra de restauração
do Museu Café Filho se arrasta desde 2009 sem um motivo aparente.
Segundo
Sérgio Wiclife Paiva, engenheiro da FJA, a descontinuidade nas obras de
restauração do prédio acarretou a rescisão do contrato com a empresa que
prestava serviço. “Agora dependemos de nova licitação, a ser conduzida pelo
programa RN Sustentável”, informou Sérgio. Vale lembrar que a paralisação do
trabalho foi ocasionado devido diferenças de entendimento entre a Fundação José
Augusto e o Iphan-RN quanto a recuperação do telhado conhecido como 'véu de
noiva'. Questionado sobre o ataque de cupins que acomete o mobiliário e o
madeiramento do telhado, o engenheiro informa que não há nenhum plano de
contenção: “Não adianta tentar conter os cupins e abandonar de novo”, tenta
justificar Paiva.
Ele explicou
que quando FJA e Iphan-RN fecharam acordo sobre o serviço no telhado não havia
mais dotação orçamentária. “Quando se devolve dinheiro aos cofres públicos”,
disse Sérgio Wiclife, “nada garante que ele vá retornar para o mesmo lugar onde
estava sendo aplicado. Nosso objetivo é deixar tudo licitado e pronto para ser
executado pelo próximo governo”, adiantou.
A assessoria
de imprensa do RN Sustentável informou que aguarda relatório da Secretaria de
Infraestrutura até o fim desta semana para dar andamento a licitação. “Nesse
relatório tem o levantamento do que foi contratado e executado”.
Construído
em estilo colonial, os dois pavimentos do imóvel abrigam desde 1979 documentos,
comendas e objetos do ex-presidente.
(**) IMAGENS: Yuno Silva
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