sexta-feira, 15 de agosto de 2014

ARTE POPULAR NO CIRCUITO DA PINACOTECA DO ESTADO


Por: Yuno Silva

“Sou um entusiasta do Salão (Nordeste de Arte Popular Chico Santeiro), traz nomes que estão fora do circuito e sempre temos boas novidades como o artista de Parelhas Iron Garcia Dantas, vencedor na categoria escultura”, avalia o marchand e colecionador de arte Antônio Marques, um dos quatro membros da curadoria responsável pela seleção das 30 obras que compõem a exposição coletiva do 4º Prêmio Salão de Arte Chico Santeiro. Em cartaz desde o dia 13 na Pinacoteca do Estado, a visitação gratuita se estende até o dia 30 de setembro. Apesar da abrangência regional, este ano o Salão atraiu interesse apenas de artistas potiguares. O objetivo da iniciativa é incentivar, reconhecer e divulgar os artistas visuais nordestinos, além de promover, inclusive, o intercâmbio.

Reprodução
Salão Chico Santeiro de Arte Popular abre revelando artistas que estão fora da visibilidade local. Ainda estão programadas abertura das exposições individuais “Definitivamente Jayr Peny: 30 anos de arte”, do artista natalense radicado em Portugal Jayr Peny; e “Aécio: Mar, Peixes, Flores e Cajus”, de Aécio Augusto Emerenciano, autor do painel “A Fruteira do Nordeste” que ‘embala’ a fachada da antiga fábrica da Sam’s na Av. Salgado Filho.  Também serão lançados os livros “Rio Grande do Norte: Bonito Por Natureza”, do fotógrafo Giovanni Sérgio e do poeta Mário Ivo; e “Fandango de Canguaretama”, do professor Ricardo Canela, ambos da Coleção Cultura Potiguar/FJA.  

Na quarta versão do Prêmio Salão Nordeste de Arte Popular Chico Santeiro foram recebidas 69 inscrições em três categorias: pintura, escultura e objeto de arte. “Acredito que esse número poderá ser amplificado nas próximas edições se a estratégia de divulgação for mais direcionada, mais corpo a corpo. Lidar com editais divulgados quase que exclusivamente via internet ainda é complicado para o artista popular”, ponderou o curador. “Se a intenção é revelar novos talentos e mapear a produção de artes visuais no RN, é preciso oferecer orientações práticas in loco sobre o funcionamento do edital. Outra coisa que deveria ser repensada é a necessidade de se eleger um vencedor: o valor total da premiação poderia ser maior e dividido em partes iguais entre os contemplados”, emenda.

Cada artista selecionado irá receber ajuda de custo de R$ 400 e o vencedor em cada categoria ganha R$ 3 mil como prêmio aquisição. Iron Garcia Dantas, de Parelhas, criou um busto com cerca de 40 cm de altura e faturou a categoria escultura. “O RN tem tradição na criação de trabalhos com cerâmica, e espero que esse reconhecimento do Iron incentive outras pessoas a criar a partir da argila”, destacou Antônio.

Francisco de Assis Batista da Costa, de Currais Novos, foi o selecionado na categoria pintura; e Geicifran Francisco de Assis Azevedo, de Jardim do Seridó, ganhou na categoria objeto de arte. “O número de inscritos na categoria pintura satisfez plenamente nossas expectativas. Assis Costa realiza pesquisa com foco nas paisagens nordestinas e seu trabalho traz uma estética bem popular, que realça as cores do povo e seus costumes. Já Geicifran apresentou uma obra (banda de música) muito bonita que poderia ser enquadrada como escultura. Jardim do Seridó é um lugar de grandes escultores e o artista trilha esse caminho”, analisa Marques, que dividiu a curadoria Dione Caldas, artista plástica e diretora do Teatro Alberto Maranhão, Mathieu Duvignaud, diretor da Pinacoteca, e Sônia Santos, diretora do Teatro de Cultura Popular.

Artista convidado

As exposições e lançamentos agendados estão inseridos no projeto Agosto da Alegria, e como é de praxe um artista é convidado para se integrar à programação, caso do artista plástico natalense radicado em Portugal Jayr Peny. Ele cria pinturas à base de tinta óleo e acrílica: “O trabalho dele recebe influências do cubismo e do surrealismo, e alguns de seus quadros homenageiam Portinari, como se reatualizasse a atmosfera nordestina”, diz o curador. Autodidata, Jayr começou a carreira nos anos 1980, no extinto Ateliê Central, e segundo Antônio Marques possui uma “pintura arrojada. Não é um trabalho Naïf”.

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