Por: Yuno Silva
Em: Tribuna do Norte
“Sou um
entusiasta do Salão (Nordeste de Arte Popular Chico Santeiro), traz nomes que
estão fora do circuito e sempre temos boas novidades como o artista de Parelhas
Iron Garcia Dantas, vencedor na categoria escultura”, avalia o marchand e
colecionador de arte Antônio Marques, um dos quatro membros da curadoria
responsável pela seleção das 30 obras que compõem a exposição coletiva do 4º
Prêmio Salão de Arte Chico Santeiro. Em cartaz desde o dia 13 na Pinacoteca do
Estado, a visitação gratuita se estende até o dia 30 de setembro. Apesar da
abrangência regional, este ano o Salão atraiu interesse apenas de artistas
potiguares. O objetivo da iniciativa é incentivar, reconhecer e divulgar os
artistas visuais nordestinos, além de promover, inclusive, o intercâmbio.
Reprodução
Salão Chico
Santeiro de Arte Popular abre revelando artistas que estão fora da visibilidade
local. Ainda estão programadas abertura das exposições individuais
“Definitivamente Jayr Peny: 30 anos de arte”, do artista natalense radicado em
Portugal Jayr Peny; e “Aécio: Mar, Peixes, Flores e Cajus”, de Aécio Augusto
Emerenciano, autor do painel “A Fruteira do Nordeste” que ‘embala’ a fachada da
antiga fábrica da Sam’s na Av. Salgado Filho.
Também serão lançados os livros “Rio Grande do Norte: Bonito Por
Natureza”, do fotógrafo Giovanni Sérgio e do poeta Mário Ivo; e “Fandango de
Canguaretama”, do professor Ricardo Canela, ambos da Coleção Cultura
Potiguar/FJA.
Na quarta
versão do Prêmio Salão Nordeste de Arte Popular Chico Santeiro foram recebidas
69 inscrições em três categorias: pintura, escultura e objeto de arte.
“Acredito que esse número poderá ser amplificado nas próximas edições se a
estratégia de divulgação for mais direcionada, mais corpo a corpo. Lidar com
editais divulgados quase que exclusivamente via internet ainda é complicado
para o artista popular”, ponderou o curador. “Se a intenção é revelar novos
talentos e mapear a produção de artes visuais no RN, é preciso oferecer
orientações práticas in loco sobre o funcionamento do edital. Outra coisa que
deveria ser repensada é a necessidade de se eleger um vencedor: o valor total
da premiação poderia ser maior e dividido em partes iguais entre os
contemplados”, emenda.
Cada artista
selecionado irá receber ajuda de custo de R$ 400 e o vencedor em cada categoria
ganha R$ 3 mil como prêmio aquisição. Iron Garcia Dantas, de Parelhas, criou um
busto com cerca de 40 cm de altura e faturou a categoria escultura. “O RN tem
tradição na criação de trabalhos com cerâmica, e espero que esse reconhecimento
do Iron incentive outras pessoas a criar a partir da argila”, destacou Antônio.
Francisco de
Assis Batista da Costa, de Currais Novos, foi o selecionado na categoria
pintura; e Geicifran Francisco de Assis Azevedo, de Jardim do Seridó, ganhou na
categoria objeto de arte. “O número de inscritos na categoria pintura satisfez
plenamente nossas expectativas. Assis Costa realiza pesquisa com foco nas
paisagens nordestinas e seu trabalho traz uma estética bem popular, que realça
as cores do povo e seus costumes. Já Geicifran apresentou uma obra (banda de
música) muito bonita que poderia ser enquadrada como escultura. Jardim do
Seridó é um lugar de grandes escultores e o artista trilha esse caminho”,
analisa Marques, que dividiu a curadoria Dione Caldas, artista plástica e
diretora do Teatro Alberto Maranhão, Mathieu Duvignaud, diretor da Pinacoteca,
e Sônia Santos, diretora do Teatro de Cultura Popular.
Artista convidado
As
exposições e lançamentos agendados estão inseridos no projeto Agosto da
Alegria, e como é de praxe um artista é convidado para se integrar à
programação, caso do artista plástico natalense radicado em Portugal Jayr Peny.
Ele cria pinturas à base de tinta óleo e acrílica: “O trabalho dele recebe
influências do cubismo e do surrealismo, e alguns de seus quadros homenageiam Portinari,
como se reatualizasse a atmosfera nordestina”, diz o curador. Autodidata, Jayr
começou a carreira nos anos 1980, no extinto Ateliê Central, e segundo Antônio
Marques possui uma “pintura arrojada. Não é um trabalho Naïf”.
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